Pontos de intersecção entre a gestão fiscal e o ESG nas empresas
Trabalhar por uma agenda ESG (Environmental, Social and Governance) é uma missão compartilhada por organizações ao redor do mundo, indo ao encontro de demandas impostas por uma sociedade que já não exime empresas de suas responsabilidades. No Brasil, o cenário é similar, visto a importância de assuntos como sustentabilidade, compromisso social e governança corporativa. De fato, hoje, é possível designar ao ESG uma ocupação de caráter prioritário, o que motiva esforços e inciativas por parte de lideranças conscientes quanto ao imediatismo do tema.
Transcrever discurso em ganhos reais não é fácil. E um bom ponto de partida para que políticas de ESG tenham a aderência desejada é diagnosticar, na prática, como a empresa pode fomentar essa mudança de DNA em sua cultura organizacional. Isso inclui, diretamente, setores diversificados dentro da cadeia operacional de um negócio. Mas você sabe, especificamente falando, qual é a função da gestão fiscal para que o ESG funcione como esperado?
Austeridade, transparência e conformidade
O “G” do ESG, traduzido para governança corporativa, conversa de maneira intrínseca com um espaço de plena conformidade, ou seja, orientado a pilares de compliance. Para atingir esse estágio, é necessário que a empresa tenha garantias de que está cumprindo com seus deveres fiscais, dentro de um modelo tributário sem brechas para imprevistos ou irregularidades. Por exemplo, se o departamento fiscal está estruturalmente fragilizado, com sistemas ineficientes e que não trabalham a segurança das informações movimentadas e manuseadas, como esperar que essa comunicação com órgãos fiscalizatórios seja conduzida à excelência?
O dia a dia fiscal é sabidamente marcado por um volume informacional elevado, com nuances e detalhes que dificultam a vida de profissionais com pouca expertise na área. Naturalmente, isso traz insegurança jurídica, deixando, em muitos casos, a empresa no escuro, seja quanto ao recolhimento devido de seus impostos e até mesmo à incapacidade de acompanhar prazos e alterações.
É preciso jogar luz às atividades fiscais. Em outras palavras, caso o gestor tenha o ESG como prioridade, realizar ações pontuais para reformular a infraestrutura do setor tributário ganha tons de obrigatoriedade. A tecnologia é uma opção bem-vinda, pois contribui para uma rotina de processos agilizada, eficiente e segura, liberando os colaboradores para tarefas estratégicas e desenvolvendo um ambiente de maior conformidade. De forma categórica, esse é um passo determinante para a instituição do Compliance como filosofia corporativa.
Segurança fiscal para avançar com pautas atuais
Indo além dos aprimoramentos impostos à área fiscal – os quais, vale relembrar, são importantíssimos para o funcionalismo e o crescimento de qualquer negócio –, ter esse alto nível de maturidade tributária também é um pressuposto exigido para que outras pautas promissoras sejam desenvolvidas. Se o objetivo é avançar com medidas de sustentabilidade, é sumariamente preferível que a empresa esteja resguardada com suas obrigações fiscais, bem como preparada para adequar suas operações a um novo patamar produtivo, com demandas legais alinhadas com essa mentalidade sustentável.
Para concluir, os pontos de intersecção entre gestão fiscal e ESG são numerosos e navegam por vertentes variadas dentro de um negócio. Não por acaso, o tema pode ser levado para caminhos distintos, desde a estruturação de um cenário contábil que possibilite decisões financeiras conscientes à criação de um espaço de mais transparência e conformidade. Por estar inserido no coração das empresas, como uma das engrenagens responsáveis pela estabilidade econômica e jurídica, o departamento tributário deve, cada vez mais, ser visualizado como um aliado para a implementação do ESG, sob o compromisso de avalizar toda e qualquer iniciativa que incida, mesmo que minimamente, sobre o universo fiscal brasileiro.