Felipe Solzki

O Crescimento dos Fiagros

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) demoraram mais de uma década para chegar em 50 mil investidores. Em apenas nove meses desde a permissão do registro de Fiagros no mercado brasileiro, em agosto de 2021, mês em que foi liquidado o Galapagos Recebíveis do Agronegócio, a categoria atingiu a mesma marca

Os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) demoraram mais de uma década para chegar em 50 mil investidores. Em apenas nove meses desde a permissão do registro de Fiagros no mercado brasileiro, em agosto de 2021, mês em que foi liquidado o Galapagos Recebíveis do Agronegócio, a categoria atingiu a mesma marca.

Esse dado indica a rapidez do crescimento dessa categoria, que já conta com 18 fundos em negociação na B3 e 46 registrados na CVM. Ao compararmos com a atual marca de 1,7 milhão de investidores em FIIs, há motivos para esperar que os Fiagros acelerem ainda mais.

Dos 46 Fiagros registrados na CVM até o momento, 32 são imobiliários e, na maioria, distribuem rendimentos mensais aos investidores (isentos de imposto de renda para pessoas físicas nos Fiagros com mais de 50 investidores). Além disso, praticamente todos esses fundos possuem os CRAs entre os ativos alvo da política de investimentos, os aproximando dos Fundos Imobiliários que investem majoritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) — segmento que responde atualmente por mais de 40% do Índice de Fundos Imobiliários da B3 (IFIX).

Uma diferença que está chamando a atenção dos investidores para os Fiagros em relação ao FIIs, é a maior concentração em CRAs remunerados pela taxa CDI, enquanto os FIIs possuem maior carteiras mais concentradas em CRIs indexados à índices de inflação, principalmente o IPCA.

A preferência pelo CDI no agronegócio é explicada principalmente pela maior dependência de linhas de financiamento bancárias indexadas a esse índice. Enquanto isso, no mercado imobiliário, a maior concentração em operações indexadas aos índices de preço é resultado da maior indexação dos ativos dos tomadores de recursos à inflação como, por exemplo um proprietário de imóveis alugados com contratos reajustados pelo IPCA ou uma incorporadora que vende unidades de um projeto em desenvolvimento, com atualização dos recebíveis pelo INCC.

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Com a elevação da taxa Selic para o nível de 13,75% (a.a.), a forte deflação mensal no IPCA observada em julho (-0,68%) e a expectativa de patamares mais baixos de inflação para os meses seguintes, os investidores de FIIs estão buscando alternativas para manter os níveis de rendimentos recebidos mensalmente em patamares elevados. Esse movimento faz com que os Fiagros comecem a ganhar espaço nas carteiras de investidores tradicionais de FIIs.

Outro benefício de adicionar os Fiagros a uma carteira focada em FIIs é a diversificação. O agronegócio mostrou números positivos nos últimos anos mesmo com a pandemia de covid: grande representatividade no PIB de 2021 (27,4%) crescimento de quase 25% em 2020 além de estar diretamente ligado ao mercado externo considerando o alto volume de commodities exportado pelo Brasil.

Dessa forma, podemos afirmar que os investidores que optam por migrar parte da carteira para os Fiagros terão benefícios tanto no viés de aumento de retornos no curto prazo quanto na possibilidade de redução do risco médio explicado pela maior diversificação dos investimentos. No entanto, assim como nos FIIs, é importante que os investidores busquem conhecer as características específicas de cada Fundo, o risco das operações que eles investem e, principalmente, a equipe de gestão de cada um deles. Bons negócios!

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Nota

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Felipe Solzki
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