O futuro do varejo passa pela retomada do BNPL em 2024
Assim como o iogurte frozen, as compras coletivas, os patinetes elétricos, entre outras tendências que, com o tempo, se mostraram mais passageiras do que efetivas, já não se ouve falar tanto do Buy Now, Pay Later, ou somente BNPL. Resumidamente, do ponto de vista de organizações que trabalham com o formato, trata-se de uma modalidade de crédito similar ao tradicional crediário, com o intuito de oportunizar ao consumidor o parcelamento do pagamento através de uma empresa financeira parceira.
Na busca por facilitar a vida do comprador e até surgindo como uma novidade promissora, o BNPL chegou a movimentar significativamente o universo de startups. No mercado, com destaque para investimentos de Venture Capital (VC), não é raro observarmos grandes ondas de investimentos seguindo oportunidades interessantes as quais, algumas vezes, podem não corresponder ao tamanho real do mercado. Claro, existe o risco de que suposições quanto a canais de venda, monetização, público, entre outros tópicos que marcam o setor, acabem se mostrando equivocadas.
De fato, essa é a dinâmica do VC: enquanto muito capital é dedicado para explorar essas oportunidades, forma-se uma onda, e quando ela se dissipa – como, à primeira vista, pareceu ser o caso do BNPL –, ficam os aprendizados e as empresas que melhor atenderam às demandas do mercado. Com o hype diminuindo, também é verdade que muitas empresas ‘retiram o time de campo’ e mudam o foco.
O papel das fintechs e o real potencial para varejistas
Todo esse contexto prévio colocado, partindo do que pode ser entendido como o grande erro das fintechs, enxergo que o foco foi demasiadamente direcionado à entrega do crédito e não à recuperação da dívida. Vender parcelado é muito fácil, ainda mais no Brasil, que historicamente, é um país cuja população está acostumada com o ‘carnezinho’ e esse hábito de parcelar tudo no cartão. O difícil, por outro lado, é controlar a inadimplência e a fraude na operação.
Agora que o hype passou, as oportunidades ficam mais claras. No Brasil, os especialistas em análise de crédito e, principalmente, cobrança de dívidas, são as próprias redes varejistas. Elas possuem o ‘ouro’ da operação, que são os dados e os relacionamentos construídos com os clientes. O grande desafio para essas empresas, sendo bem categórico, é desenvolver tecnologia à altura das fintechs, a fim de prover uma boa experiência a seus clientes.
Com a evolução das fintechs de infraestrutura de crédito, abrimos caminho para o conceito de BNPL 2.0, que passa a ser operado pela própria empresa, utilizando tecnologia de ponta encontrada nas fintechs. O movimento é apoiado pelo forte avanço na agenda do Banco Central do Brasil (BCB) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para facilitar que as empresas se ‘bancarizem’ e o mercado de crédito tenha maior distribuição e competição. Com a modernização dos veículos de securitização, hoje, é muito mais simples uma empresa utilizar seu próprio capital para financiar as operações, contando com todos os benefícios do mercado de capitais.
Ressalto que a corrida já começou. As varejistas estão iniciando 2024 em um ritmo acelerado, para integrar seus respectivos produtos de crédito aos canais de vendas físicas e digitais. Na outra ponta, as fintechs permanecem em um modus operandi de reforçar tecnologias para apoiar seus clientes na missão de sustentar operações bem-sucedidas. É possível, portanto, que se consolide um quadro de aproveitamento do formato Buy Now, Pay Later em meio à aplicação estratégica de informações e relacionamentos com os usuários, e o varejo não só desponta como um dos protagonistas dessa realidade, como pode assumir uma posição de liderança na nova onda de BNPL no país.
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