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Rodrigo Sodré
Rodrigo Sodré

A tempestade perfeita na Europa

A alta inflacionária, as incertezas quanto ao fornecimento de energia e problemas nas cadeias de suprimentos são fatores que colocam as economias europeias em uma posição difícil. A alta de preços reduz o poder de compra das famílias, afetando o crescimento; a possibilidade de faltar gás da Rússia põe em risco a atividade das indústrias; e os juros em elevação rápida debilitam ainda mais o cenário econômico.

Enquanto o crescimento do PIB da zona do euro foi revisto para baixo, chegando a 0,6% no segundo trimestre em comparação com o período de janeiro a março, a inflação anual atingiu a máxima histórica de 8,9% em julho – maior valor desde a criação da moeda, em 1999. Os sinais vindos das maiores economias do continente são ainda mais desafiadores, com a Alemanha estagnada e tendo o pior desempenho entre os maiores países da região, e o Reino Unido caminhando para uma recessão no quarto trimestre, segundo previsão do Banco da Inglaterra. O BoE avalia que a recessão britânica deve perdurar até 2023, ano em que a economia alemã deve crescer somente 0,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para piorar, a inflação segue crescente em diversos países. No Reino Unido, o CPI alcançou os 10,1% em 12 meses terminados em julho, a taxa mais alta em mais de 40 anos. A França tem um dos indicadores mais baixos, de apenas 6,1%, mas cujo valor é o mais elevado desde 1985. Outros dez países da União Europeia estão com inflação acima de dois dígitos. Diante disso, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a principal taxa de juro pela primeira vez em 11 anos, de -0,5% para 0%. O mercado esperava uma alta menos aguda, justamente pelo risco de desaceleração econômica.

Assim como acontece em relação aos Estados Unidos, a subida dos juros na Europa tem efeitos sobre os emergentes, como o Brasil. Com os títulos públicos europeus pagando mais, há menos demanda pelos daqui, fazendo a nossa moeda perder valor. Se a inflação na Europa seguir forte, haverá mais pressão para que os juros subam por lá e esse ciclo se agrave, influenciando a política monetária brasileira.

Nota

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