Rodrigo Amato

Mercado de notas comerciais cresce, mas ainda precisa amadurecer

Neste primeiro trimestre, observamos uma evolução do mercado de notas comerciais (NC), com 25 emissões públicas registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para distribuição com esforços amplos (ICVM 400) ou restritos (ICVM 476)

Neste primeiro trimestre do ano, observamos uma evolução do mercado de notas comerciais (NC), com 25 emissões públicas registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para distribuição com esforços amplos (ICVM 400) ou restritos (ICVM 476), representando um total de R$ 9,910 bilhões. Comparativamente, um mercado mais maduro como o de debêntures, que teve o melhor 1º trimestre dos últimos 10 anos, teve emissões no volume total de R$ 56 bilhões distribuídos em 85 operações.

Porém, apesar dos volumes já serem representativos, a abertura destes números ainda mostra que há grande espaço para crescimento do mercado de NC por si e pela migração de debêntures. Para se ter uma ideia, a NC tem emissão mais simples e menos burocrática do que a debênture e, se considerarmos que 34,2% das debêntures emitidas têm como destino dos recursos o capital de giro, um recurso normalmente de curto prazo, seria natural vermos o uso da NC nestes casos. Em contrapartida, o volume médio das emissões de NC ainda parece alto (R$ 400 milhões), bem como seu prazo (52% acima de um ano).

Sua simplicidade sugere que devemos ver mais empresas menores buscando o acesso ao mercado de capitais a partir deste instrumento.

Estes números nos dizem que o mercado já antecipa um bom uso das NC, que vai se popularizando, mas ainda precisa amadurecer no seu melhor uso, algo natural à medida que os participantes em geral ganham conforto operacional e fiscal com o seu uso. É preciso dizer que o artifício das ofertas privadas tende a ser mais utilizado também, ainda se considerarmos que, recentemente, a CVM instituiu cobrança sobre quaisquer emissores públicos. Sabe-se que as ofertas privadas de NC estão ganhando popularidade perante bancos médios e FIDC, e esta busca por eficiência é que norteará o desenvolvimento do mercado de capitais para um financiamento mais dinâmico, de tickets menores e prazos mais curtos.

Nota

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