Rodrigo Amato

Debêntures: protagonismo no mercado de capitais

Não é de hoje que as debêntures se mostram como uma importante opção para o mercado de capitais. O investimento permite diversificar a carteira, mesmo se a intenção for se manter dentro do espectro da renda fixa

Os ventos parecem soprar a favor do mercado de capitais brasileiro. O setor registrou recorde de captação no primeiro trimestre de 2024: R$ 130,9 bilhões, crescimento de 90,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse bom resultado foi puxado pela renda fixa, que captou R$ 114,1 bilhões e chegou ao maior patamar para o período, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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Não é de hoje que as debêntures se mostram como uma importante opção para o mercado de capitais, já que são uma alternativa a mais de investimento de renda fixa. Uma das vantagens é que, por envolver um componente de risco adicional – o risco de crédito da empresa emissora –, seu retorno costuma ser mais alto para os investidores, se comparado a outros tipos de papéis. Além disso, o investimento em debêntures permite diversificar a carteira, mesmo se a intenção for se manter dentro do espectro da renda fixa. Companhias de diferentes portes, setores e com objetivos distintos emitem esse tipo de papel, o que abre para o investidor um leque amplo de oportunidades.

Nesse sentido, os dados da Anbima também mostram que as debêntures se tornaram o principal instrumento de captação das empresas, com volume de R$ 71,9 bilhões no primeiro trimestre, quase o dobro do volume registrado no primeiro trimestre do ano passado, leia-se R$ 37 bilhões. Já as debêntures incentivadas, aquelas isentas de Imposto de Renda (IR) para o investidor pessoa física, registraram recorde de captação no primeiro trimestre, com volume de R$ 19,9 bilhões.

Além das debêntures, outra boa opção para o investidor do mercado de capitais são as notas comerciais. Neste primeiro trimestre, foram R$ 3,42 bilhões em emissões, 2,23% a mais do que no mesmo período do ano passado (R$ 3,34 bilhões). Para as empresas, uma das vantagens de captar por meio destes títulos é o custo inferior aos empréstimos bancários, ao menos pela não incidência do IOF de crédito, sem falar na agilidade da emissão para as empresas que captam. Esta acaba sendo uma excelente porta de entrada para o mercado de capitais para aqueles que estão querendo experimentar novas fontes de financiamento.

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Além disso, operações de renda fixa no mercado de capitais contam com a segurança de infraestruturas de mercado na condição de depositária dos valores mobiliários, caso da Laqus – portanto, a garantia de liquidação apenas contra pagamento, uma camada de segurança importantíssima para evitar fraudes ou transações fora de mercado. Ainda, a partir do depósito, é permitida a negociação do título, viabilizada operacionalmente em D0 (emissão no mesmo dia), seja qual for a contraparte.

Fato é que o mercado de capitais é altamente dinâmico e complexo. Lembro que o início de 2023 foi extremamente desafiador para as emissões de renda fixa, especialmente para as debêntures, que sofreram com o caso das Lojas Americanas (AMER3). Depois que uma das maiores varejistas do Brasil deu um calote na sua dívida, o mercado de crédito privado ficou mais cauteloso, tanto que as emissões de debêntures tiveram uma queda de 34% frente ao mesmo período do ano anterior. Neste ano, os ventos parecem ter mudado de direção. Que sejam em direção a um mercado de capitais cada vez mais forte e seguro.

(*) Fundador e CEO da Laqus, um ecossistema de soluções que oferece inteligência, formalização e gestão de operações financeiras por meio da tecnologia, proporcionando uma abordagem personalizada, segura e ágil, ampliando oportunidades de negócios para empresas e investidores no mercado de capitais. Em junho de 2021, obteve a homologação junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como Central Depositária de Valores Mobiliários, sendo a única companhia além da B3 autorizada a operar neste mercado.

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Nota

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