As oportunidades do ano de 2023
O ano de 2023 é um desafio, qualquer que seja o futuro presidente, que só será conhecido em 30 de outubro, no segundo turno da votação. Há pontos a serem equacionados, como as contas públicas. Mas isso teve motivos: os gastos com a pandemia e o reforço ao programa Auxílio Brasil no fim deste ano. Isso sem contar os custos decorrentes da guerra na Ucrânia, que afetou o mundo todo e forçou os bancos centrais a dar trancos nos juros para tentar conter a inflação.
Mas, de cara, há alguns aspectos positivos. Finalmente, o novo presidente deve apontar seus ministros e entregar o programa de governo, muito pouco apresentado neste ano.
Também é um clássico haver uma lua de mel no início de qualquer governo, pois o mercado, o setor produtivo e a população sempre tendem a acreditar em dias melhores. E esta é a oportunidade de o novo presidente tentar impor uma agenda positiva para o país, principalmente no que se refere às reformas.
Vamos aos demais pontos favoráveis para o próximo ano. Em primeiro lugar, a resolução 160 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai simplificar em muito a emissão de títulos de renda fixa, entre eles as debêntures e as notas comerciais. A iniciativa descomplicou todo o processo e tende a atrair pequenas e médias empresas para até estrear neste segmento, pela redução dos custos de emissão.
Mais boas-novas: no Brasil, o ciclo de aumento dos juros teve uma pausa – a taxa Selic permaneceu em 13,75% ao ano –, para o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliar o impacto das altas ocorridas em reuniões passadas. A curva de juros futuros mostra que o mercado prevê o início da queda em junho de 2023.
Mesmo que haja um espaço de tempo entre a redução gradual de juros e seus efeitos benéficos na economia, só de haver um horizonte com custos mais baixos já é um incentivo aos investidores. E aqui entram tanto a disposição da população de consumir, como dos empresários de investir.
Também o nível de emprego está melhor, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre até agosto, a taxa de desocupação caiu a 8,9%, uma retração de 0,9 ponto percentual na comparação com os três meses anteriores. É o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015 (8,7%). A renda do trabalhador também melhorou.
Subiu 3,1% no trimestre móvel encerrado em agosto, frente ao trimestre imediatamente anterior, para R$ 2.713. Isso significa que há uma necessidade de consumo represada, que tende a ser retomado. Aí, a História mostra que mais compras implicam maior produção das indústrias e giro na economia.
Em síntese, há uma frase motivacional que bem cabe nessa abordagem de ver o lado róseo e as oportunidades em ambientes adversos. Ela fala por si: “Enquanto uns choram, outros vendem lenços”.