Ricardo Propheta

Queda de juros e as perspectivas para o mercado de Private Equity

A Selic em queda no front doméstico e as perspectivas de redução das taxas no mercado americano trazem perspectivas levemente mais animadoras, mas não por isso menos bem-vindas.

Depois de um 2023 bastante desafiador por conta do cenário de juros altos tanto aqui no Brasil quanto no exterior (e de fatores como a continuidade da guerra na Ucrânia e o início do conflito entre Israel e o Hamas), o ano de 2024 começa com um cenário um pouco mais favorável para essa indústria.

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A Selic em queda no front doméstico e as perspectivas de redução das taxas no mercado americano trazem perspectivas levemente mais animadoras, mas não por isso menos bem-vindas.

Quando se olha para o ano passado, uma pesquisa da plataforma de inteligência Sling Hub para o jornal Valor indica que, na América Latina, houve uma queda de 41% nos investimentos no setor, na comparação com 2022; já no Brasil, a redução foi um pouco menor, 39%.

Fato é que não é possível antever ainda um ambiente como aquele que prevaleceu no biênio 2020-2021 (pesquisa da plataforma Distrito com gestores indica que 60% deles não enxerga retomada das atividades em níveis anteriores à crise em menos de 18 meses), mas alguns sinais são, sim, positivos.

A queda dos juros, por si, afeta, para bem, o segmento em diversas frentes, seja diminuindo a atratividade da renda fixa (e empurrando o investidor para opções de maior risco e maior retorno), seja reduzindo os custos de dívida de empresas, dando a elas um maior fôlego operacional, o que, por sua vez, tende a atrair mais a atenção dos gestores. De novo: vivemos, ainda, um ambiente de juros nos dois dígitos, muito diferente da mínima de 2% da Selic atingida em agosto de 2020, mas, sim, em trajetória de declínio.

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Com melhores perspectivas, empresas, gestores e investidores passam a olhar com maior atenção as operações de private equity. E as oportunidades são inúmeras: o País possui cerca de 180 mil empresas familiares, nos mais diversos regiões, tamanhos e setores. Empresas que precisam de recursos e, muitas vezes, apoio na gestão, por exemplo.

E falando em setores, para quais olhar? Falamos, por exemplo, de tecnologia (tradicionalmente, um dos preferidos entre os gestores), saúde e infraestrutura. Esse último, tema de boa parte dos artigos que publicamos neste espaço, padece, como já mostramos, de enormes deficiências. No texto publicado em novembro, por exemplo, apresentamos uma estimativa segundo a qual, para dar conta dos desafios no setor, o País teria de receber, anualmente, o equivalente a cerca de 3,7% do PIB em investimentos em infraestrutura. Uma oportunidade gigante para os gestores de private equity.

O ano de 2024 não deverá ser de exuberância. Mas o cenário começa a melhorar. Como declarou a presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), a Priscila Rodrigues, em entrevista à Exame, “tem muita gente agora colocando a cabeça para fora da água.” Voltamos a respirar.

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Nota

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Ricardo Propheta
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