Como o crowdfunding está ajudando a impulsionar o agronegócio
No momento em que o agronegócio brasileiro bate recordes de produção e faturamento, as linhas tradicionais de crédito para o setor sofrem contração e não conseguem acompanhar a expansão do setor.
Pesquisadores da Embrapa mostraram, em estudo recente, que os nossos produtos do campo são responsáveis por alimentar 800 milhões de pessoas em todo o mundo, graças às exportações das nossas fazendas, que cresceram 500% na última década.
Os números mostram que saímos de US$20 bilhões de receita em 2001 para mais de US$100 milhões em 2020, quando o mundo viveu uma das mais graves crises sanitárias e de abastecimento da história.
Soja, carne bovina, produtos florestais, café, fibras e têxteis, além de tantos outros produtos, formam a pauta das nossas remessas ao exterior, mas a escassez de crédito para o agronegócio está prejudicando o crescimento de pequenos e médios produtores e esse avanço extraordinário do setor.
Recentemente, o BNDES anunciou a suspensão de linhas de crédito por falta de recursos, como o Pronaf, por exemplo, que perdeu R$1,35 bilhão. Com isso, cada vez mais produtores se viram na necessidade de recorrer ao mercado de capitais, a fim de financiar sua produção.
Existem algumas razões para esse precoce esgotamento das linhas de crédito público, tais como:
● Demanda reprimida de investimentos da safra anterior;
● Câmbio extremamente favorável para exportações;
● Demanda aquecida no mercado externo;
● Juros subsidiados em um momento de encarecimento do crédito.
Os produtores sabem que a Selic irá aumentar ainda mais, daí o aumento repentino da busca por crédito, já que essa alta de juros irá e o recente anúncio de subida do IOF pelo governo irão encarecer o financiamento de máquinas, equipamentos, insumos e defensivos, sem falar nas dificuldades geradas pela crise hídrica e eventos climáticos extremos, como a geada registrada em diversas regiões produtoras há algumas semanas.
Uma das vias mais importantes de acesso dos empreendedores rurais ao mercado de capitais é o crowdfunding, modalidade de investimento regulada pela CVM que permite a um grupo de investidores financiar ou se tornar sócio de projetos do seu interesse, a partir da aquisição de cotas de participação.
As possibilidades de investimento percorrem toda a agroindústria, como aquisição de cabeças de gado para engordar e comercialização, implantação de culturas exportadoras, como soja e milho, e até o desenvolvimento de defensivos agrícolas ecológicos.
Produtores do campo buscam mercado de capitais para crescer
Quem realizou um grande momento nesse sentido foi a Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, que levantou R$ 150 milhões emitindo um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
No entanto, bons projetos de médio porte do campo também podem realizar captações e crescer com a entrada de novos investidores através do crowdfunding que, desde sua regulamentação em 2017, já cresceu mais de 10 vezes no Brasil.
São várias as dificuldades enfrentadas pelos empresários do campo que tentam recorrer a instituições tradicionais de crédito para se expandir, como:
● Alguns bancos só financiam que trabalha com commodities;
● Prioridade a contratos com exportadores;
● Preferência para determinadas regiões, especialmente Centro-Sul, por questões de risco.
Esses obstáculos e a falta de recursos para a expansão de projetos do agronegócio ressaltam a importância de fontes alternativas de financiamento, como o crowdfunding, também chamado de investimento coletivo ou participativo. A instrução normativa 588, da CVM, permite que empresas que faturem até R$ 10 milhões por ano façam ofertas públicas de captação de até R$5 milhões nessa modalidade.
Vantagens do crowdfunding para o agronegócio
O grande benefício do crowdfunding para o agronegócio é o fato de ele agregar valor a todos os grupos de interesse: produtores, investidores e cadeia produtiva. Entre as principais vantagens do crowdfunding para o agronegócio, podemos citar:
● Acessibilidade e baixo custo: as captações são muito mais acessíveis e menos burocráticas do que no sistema tradicional de financiamento.
● Rentabilidade acima da média: o investidor consegue obter um retorno muito mais atraente ao investir diretamente em bons projetos da economia real.
● Proteção: os ativos reais oscilam menos que os ativos tradicionais, pois não têm correlação com o mercado financeiro. Além disso, protegem a carteira contra a inflação.
● Diversificação: investir diretamente no agronegócio é uma forma inteligente de diversificar a carteira, com um dos setores mais sólidos e dinâmicos da nossa economia.
Por que é tão importante investir diretamente no agronegócio?
Investir em bons projetos do agronegócio é uma forma de ter exposição a um dos setores mais estratégicos da nossa economia, responsável por 25% do nosso PIB e 60% de tudo aquilo que vendemos para o exterior. Ou seja, é um segmento robusto e tem, em grande parte, receita dolarizada, já que muitos bens agrícolas são comercializados em todo o mundo, como o café, a soja, o trigo, o milho, o suco de laranja, etc.
Entres os fatores que corroboram a relevância desse setor para investimentos diretos via crowdfunding, podemos citar:
● Valorização do dólar, dando mais competitividade às exportações do agronegócio;
● Maior urbanização do mundo, com demanda crescente de alimentos;
● Aumentando a renda disponível da população e maior propensão ao consumo com a retomada da economia;
● Condições favoráveis de produção no Brasil, aumento da produtividade e incentivos ao investimento, como isenção de imposto de renda.
As captações de crowdfunding permite que qualquer pessoa consiga ter na sua carteira, a preços bastante acessíveis, projetos agropecuários de altíssima qualidade, que passaram por um rigoroso processo de due diligence antes de serem disponibilizados, que avalia aspectos como: viabilidade econômica, garantias oferecidas, potencial de valorização, entre outros fatores.
Esse tipo de investimento é especialmente indicado para investidores que possam abrir mão da liquidez imediata durante o cronograma previsto para o empreendimento, que pode durar alguns meses ou até vários anos.
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