Começou o rali de fim de ano da Bolsa?
Será que já começou o rali de final de ano na Bolsa de Valores? Sim, e não precisou esperar dia 25 de dezembro para ele começar. Ano passado, por exemplo, ele começou depois de acabar o ano. Sim, meus caros, é um fenômeno sem previsão exata igual a meteorologia, em que no máximo você acerta que vai chover, só não dá para cravar com toda certeza quando, onde e a quantidade. E assim como o “homem do tempo” erra várias vezes, muitos analistas que dizem que vai ter o rali de final de ano acabam passando vergonha quando ele não vem.
Estatisticamente ele ocorreu em quase 50% dos anos analisados no histórico da Bolsa de Valores no Brasil, logo não é algo muito frequente. Mas, desta vez, veio estimulado pelos dados recentes da economia americana, como indicadores mais fracos de emprego e arrefecimento da inflação – que ajudaram a tese de pouso suave na economia americana. Isso se refletiu nos juros de 10 anos que chegaram a encostar em 5%, entretanto recuaram e trouxeram alívio para economias no mundo todo.
Alívio, pois liberaram fluxo de capitais para outros países, principalmente emergentes como o Brasil. Antes, esse capital tinha ido rumo aos juros altos americanos que davam segurança enquanto os mercados ainda não sabiam quando seria o final de ciclo de alta de juros nos EUA. Aqui, esse dinheiro estrangeiro chegou em boa hora e puxou a bolsa até 125 mil pontos, no momento que escrevo essa coluna e talvez quando esse texto chegar na sua mão pode estar em níveis muito maiores.
Muitos não entendem como a Bolsa pode subir se os dados que são divulgados da economia como queda no PIB, vendas no varejo mais fracas, queda do setor de serviços e outros mostram que a economia não está a pleno vapor. Essa diferença ocorre principalmente porque esses dados olham para trás, refletindo como foi a economia no passado no período de juros muito altos e restritivos. Enquanto o que vemos na Bolsa de Valores é a perspectiva futura para nossa economia já com o reflexo de juros mais baixos.
Os dados de PIB que saíram recentemente não são tão ruins, eles só não conseguem acompanhar a alta expressiva do começo do ano, puxada principalmente pela safra recorde do setor agrícola. Esses números, porém, não podem se repetir todos os meses, pois a colheita não é mensal. Tudo tem seu tempo na natureza, e isso impacta até a economia. E muitos especialistas falam que a próxima colheita não deve ser tão boa quanto a de 22/23, devido principalmente aos fatores climáticos provocados pelo EL Niño, com chuvas fortes na região sul e calor extremos em diversos outros cantos do país.
Se o PIB tiver pequenos crescimentos após o excepcional primeiro trimestre, podemos sim fechar o ano com crescimento perto de 3% ou mais, como estima o próprio governo. Isso porque outros fatores podem ajudar na conta do PIB, como nosso superávit na balança comercial, aumento de gastos do governo e consumo mais forte estimulado pelo bolsa família que foi turbinado. E o crescimento pode se manter no ano seguinte, principalmente no segundo semestre com economia já sentindo o efeito da queda de juros e da inflação.
Uma alta do PIB em 2023 pode explicar depois o rali da Bolsa que aconteceu agora em novembro, mas pode ser tarde para quem espera esses dados econômicos para investir em ações e fatalmente vai chegar atrasado na festa.
Um consolo é que a nossa Bolsa está muito barata ainda e tem muitas oportunidades até ela voltar ao preço que deveria estar. Cabe ao investidor ficar atento às oportunidades que o mercado dá.