Piter Carvalho

Quem viu a deflação?

A façanha tem data para acabar e fica para o ano que vem a dúvida de como será a política fiscal do país

Fazia tempo que não se via deflação tão alta desde plano real! Realmente o Brasil não é para amadores e sempre pode surpreender, até mesmo positivamente. Isso torna a tarefa do economista que se arrisca a fazer previsões ou estimativas quase que impossível – mais fácil acertar pesquisa eleitoral ou bolão da loteria…

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Neste sentido, verifica-se a deflação dos preços a partir de julho/2022 como reflexo da política fiscal expansionista do governo, que conseguiu cortar impostos sobre combustíveis e energia até 31 de dezembro de 2022. Concomitante vemos a queda no preço do petróleo internacional que contribuiu para o arrefecimento nos preços locais.

Todavia, a façanha tem data para acabar e fica para o ano que vem a dúvida de como será a política fiscal do país, mas a certeza de que os impostos devem voltar, independente do eleito ao cargo de presidente da república.

Tal situação traz preocupação, tendo em vista que a folga dada na inflação agora pode aparentar benéfica para o Estado; Porém, a conta sempre chega. Este é o tão citado risco fiscal nas atas do Copom, que subiu juros vertiginosamente, numa dura batalha contra a inflação e até agora sem resultado para se comemorar – mas seus efeitos vão chegar e dar à velha economia o gosto amargo do remédio.

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Enquanto isso o Banco Central só comemora os juros reais mais altos do mundo. Entretanto, a política monetária restritiva do Banco Central não combina com uma política fiscal expansionista. Os fãs de livro texto de economia foram os primeiros a perceber que isso não vai dar certo.

Ao mesmo tempo economistas e políticos comemoram nos jornais a queda da inflação, o povo assiste telejornais sem entender a euforia, visto o constante aumento no custo de vida devido aos preços altos dos últimos meses. Todavia, sem reajuste no salário do trabalhador. Em linha com esse cenário, vemos diversos empreendedores que reclamam dos preços altos e da dificuldade de repassar isso para o consumidor final, acarretando em dívidas, demissões e corte nos investimentos.

Entramos então no velho dilema, em que tudo sobe menos o salário! Nada mais do que reflexo do exército de desempregados que fazem filas atrás de um emprego, que dão margem, devido a sua necessidade, para o empregador recrutar mão de obra barata – sabendo estar mais assegurado pela lei trabalhista visto sua flexibilização. Em comparação, nos EUA a situação é completamente diferente: para cada desempregado existem quase duas vagas disponíveis, e empresas fazem campanhas para atrair mão de obra, ofertando iphone, salários altos e, inclusive, bônus para quem for na entrevista

Como dito acima, a conta sempre chega, e já sabemos que pesará no bolso dos mais pobres, que não sentem tanto o impacto da redução do combustível, mas, sim, o aumento do leite, o pão, cujo quilo disparou, o gás acima de R$ 130, o aluguel nas alturas, a carne que cada vez se torna menos rotineira na alimentação do cidadão brasileiro, etc.

Mais uma vez o ministro da economia comemora na televisão a tal da deflação, e 70% da população que está endividada e vendo seu salário sumir no início do mês fica sem entender o jargão “economês”.

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Nota

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