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Piter Carvalho
MXRF11 tem resultado 20% maior em dezembro; saiba mais

MXRF11 tem resultado 20% maior em dezembro; saiba mais. Foto Unsplash

A imprevisibilidade das previsões

Muitos se atrevem a fazer previsões sobre o futuro da economia. Sou da tese de que elas só servem para gente errar e queimar nosso filme de economista. Para 2023 gostaria de fazer diferente e levantar algumas variáveis que os investidores devem ficar atentos ao longo do ano, já que elas podem mudar o rumo de muitas previsões e “balançar” carteiras de investimentos.

Entre as variáveis que considero mais importante para observar em 2023 pode-se elencar a inflação, juros, guerra entre a Rússia e Ucrânia, recessão, aperto monetário internacional e baixo crescimento global.

A inflação deve continuar dominando os noticiários em 2023. Nos jornais locais o impacto começa logo no final de fevereiro com a volta dos impostos sobre os combustíveis. O impacto é um pouco menor que um ponto percentual no IPCA, mas deve afetar outros setores como alimentos e serviços dado seu alto poder de disseminação sobre outros setores.

Tal tema não é preocupação exclusiva da nossa economia e sim global, tanto que bancos centrais aumentam o passo para políticas de aperto monetário para tentar controlar a inflação. Essa é a maior em 40 anos em economias desenvolvidas como na Europa e Estados Unidos, que ficaram todas essas décadas sem discutir esse tema. Na Europa a pressão inflacionária é maior principalmente com a proximidade da guerra entre a Rússia e Ucrânia e seus reflexos na economia. Um dos mais graves é a alta dos preços da energia que vinha via gasodutos da Rússia e com os cortes de fornecimento dispararam mais de 300%.

A pressão inflacionária pelo lado da oferta é muito maior seja pela quebra das cadeias globais de produção que tentam retomar ao normal pós pandemia, ou pela guerra que provocou a alta nos preços de diversas commodities pelo mundo, como alimentos e energia. Esse cenário adverso nutre um movimento de desglobalização, que busca trazer de volta para diversos países empresas de produtos estratégicos para economia local. Isso deve encarecer mais os produtos a fim de diminuir a dependência de outros países em setores estratégicos como na saúde e evitar cenas vistas na pandemia de falta de máscaras, respiradores, vacinas, etc.

Nos investimentos, com a alta da inflação vamos ver os fundos imobiliários de “papel” pagando mais de 1% de dividendos ao mês, como foi antes da deflação “fictícia” provocada pela retirada de impostos, tema que discuti na coluna de novembro. Fundos e ativos de renda fixa (como CDBs, LCIs, LCAs, CRAs, etc) atrelados à inflação devem render mais nesse cenário de inflação alta e recuperar as perdas do último trimestre.

Junto com a alta da inflação vem o remédio amargo dos juros altos, que aumentam os riscos de recessão global e menor crescimento das economias nos próximos anos. Na economia americana os juros devem passar de 5% e já provocaram forte queda das bolsas em 2022, principalmente nas empresas de tecnologia que amargaram quedas superiores a 30% na Nasdaq.

No Brasil os juros devem permanecer altos por mais tempo até vermos sinais de arrefecimento na inflação segundo o Banco Central, porém, nossos juros reais são os maiores do mundo e atraem até investidores estrangeiros, tornando-se assim um dos nossos principais produtos de exportação. Dado esse cenário, ativos indexados à juros também devem ser destaques nos investimentos de 2023 e chamam a atenção com taxas altas em CDBs, LCIs, LCAs ,tesouro direto e outros, além dos altos retornos nos fundos de renda fixa que surpreenderam com resultados acima do CDI em 2022.

Por outro lado, nesse cenário de juros altos sofrem as empresas de crescimento da Bolsa de Valores. Um exemplo é o setor de consumo, que cai em cenário de juros altos e tem provocado a queda de enormes varejistas brasileiras na bolsa. Logo, cabe ao investidor garimpar ações de empresas que são mais resilientes nesse cenário de inflação e juros altos.

O movimento dessas variáveis vai guiar os investimentos em 2023. Impossível destacar apenas uma, daí a importância de ter um portfólio de investimentos diversificado para equilibrar seus resultados. E desconfie de quem vender uma bala de prata com resultado certo de investimento nesse ano tão atípico, onde até os investidores mais agressivos já montaram proteção em suas posições.

Nota

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