Paula Prodocimo

Economia comportamental: entendendo as decisões financeiras humanas

Saiba mais sobre a economia comportamental e entenda questões como efeito manada, excesso de confiança, teoria da perspectiva e efeito de ancoragem

A economia comportamental tem se consolidado nos últimos anos como uma das áreas mais inovadoras da economia, principalmente quando aplicada às decisões financeiras e de investimento.

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Enquanto a teoria econômica tradicional pressupõe que os indivíduos agem de forma racional, buscando maximizar sempre seus ganhos, a economia comportamental questiona essa premissa, demonstrando que fatores emocionais, cognitivos e sociais influenciam diretamente o comportamento financeiro.

A economia comportamental, portanto, nos oferece uma abordagem prática para compreender por que os investidores muitas vezes tomam decisões aparentemente irracionais — como vender ativos durante uma crise ou manter investimentos pouco rentáveis por tempo demais.

Em vez de confiar unicamente na lógica e nos fundamentos, os investidores podem ser influenciados por emoções como medo, otimismo ou seguir o comportamento da massa.

Um dos precursores mais conhecidos dessa área é o psicólogo Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2002, por seu trabalho com Amos Tversky na área de tomada de decisões sob incerteza.

Existem diversos conceitos e teorias dentro da economia comportamental que nos ajudam a entender melhor o comportamento humano em relação às finanças. Entre os mais relevantes estão:

1. Heurísticas e Vieses

As heurísticas são atalhos mentais que as pessoas usam para tomar decisões rápidas e simples. Embora elas possam ser úteis, muitas vezes resultam em vieses cognitivos, que são erros sistemáticos de julgamento.

No contexto de investimentos, pode resultar em escolhas subótimas, como a supervalorização de uma ação com base em um boom de mercado recente ou a confiança excessiva na própria capacidade de prever tendências.

2. Teoria da Perspectiva

Desenvolvida por Kahneman e Tversky, essa teoria explica como as pessoas avaliam perdas e ganhos de forma diferente. A aversão à perda é um dos componentes centrais desta teoria – as pessoas tendem a sofrer mais com perdas do que a valorizar ganhos de igual magnitude.

Esse comportamento é observado quando investidores relutam em vender ativos na esperança de recuperar as perdas, mesmo quando a análise fundamentalista sugere o contrário.

3. Efeito de Ancoragem

Esse viés ocorre quando as pessoas baseiam suas decisões em uma informação inicial (a âncora), mesmo que ela não seja relevante. Por exemplo, ao comprar ou vender uma ação, o preço anterior da mesma pode servir de âncora para a decisão, mesmo que o valor atual não reflita mais a realidade de mercado ou os fundamentos da empresa.

Aplicações Práticas da Economia Comportamental

A economia comportamental tem diversas aplicações práticas para quem busca melhorar suas decisões de investimento. Entender esses conceitos pode ajudar a identificar armadilhas comportamentais e a tomar decisões mais informadas.

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1. Excesso de Confiança e Subdiversificação

Um erro comum entre investidores é o excesso de confiança, que os leva a acreditar que têm mais controle ou conhecimento sobre o mercado do que realmente possuem. Resultando em portfólios concentrados em poucas classes de ativos ou setores, aumentando os riscos.

Diversificar é uma das maneiras mais eficazes de mitigar os vieses comportamentais e aumentar as chances de retorno sustentável.

2. Desconto Hiperbólico e Planejamento de Longo Prazo

Outro conceito da economia comportamental que impacta diretamente os investimentos é o desconto hiperbólico, que explica por que tendemos a dar mais valor às recompensas imediatas do que aos benefícios de longo prazo. Podendo ser um obstáculo para quem precisa manter uma disciplina de investimento a longo prazo.

Muitas vezes, os investidores preferem realizar ganhos rápidos em vez de seguir estratégias de valorização sustentada, prejudicando a acumulação de riqueza ao longo do tempo.

3. Efeito Manada

A pressão de seguir o comportamento dos outros investidores – conhecida como efeito manada – também pode afetar negativamente as decisões de alocação de ativos. Durante uma bolha de mercado, por exemplo, é comum que investidores comprem ativos supervalorizados apenas porque “todo mundo está comprando”, sem avaliar os riscos envolvidos.

Por outro lado, em momentos de queda acentuada, muitos investidores vendem suas posições em pânico, sem considerar o valor real dos ativos que possuem.

Sintetizando, a economia comportamental oferece uma nova lente para entender como e por que tomamos decisões financeiras, especialmente em relação aos nossos investimentos. Ao reconhecer que não somos sempre racionais, podemos ajustar nossas escolhas para tomar decisões assertivas.

Diversificar o portfólio é fundamental para reduzir o impacto de eventos de curto prazo. Além disso, buscar a orientação de um consultor financeiro garante que as escolhas de alocação estejam alinhadas com o perfil e as metas do investidor, proporcionando uma visão objetiva e racional em momentos de volatilidade.

Aplicar esses conceitos à estratégia de investimentos permite não apenas uma tomada de decisão mais consciente, mas também uma maior probabilidade de alcançar resultados sustentáveis e consistentes ao longo do tempo.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Paula Prodocimo

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