Fernando Nunes

O que vem depois do Pix?

O maior desafio de 2022 será o de educação em relação aos novos serviços financeiros

Superando as expectativas iniciais do mercado, o Pix chegou ao primeiro ano de funcionamento com enorme sucesso — o meio de pagamento possui mais de 110 milhões de usuários e movimenta cerca de R$ 550 bilhões por mês.

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De acordo com o Banco Central, o Pix já foi usado por 104,4 milhões de pessoas e 7,9 milhões de empresas que somam 348 milhões de chaves — isso representa 63,6% dos brasileiros com conta em instituições de serviços financeiros e 54,6% das empresas com relacionamento bancário.

O sistema teve como objetivo ampliar o número de usuários do sistema financeiro, reduzir custos e aumentar a eficiência dos processos. O Pix ocupou 12,8% do sistema de pagamentos no 2º trimestre, atrás apenas de cartões e boletos, provando que veio para ficar.

Recentemente, no dia 29 de novembro, foi lançado o Pix Saque e o Pix Troco. Na modalidade de Saque, todos os usuários podem sacar dinheiro em qualquer ponto de venda que utilize o Pix, como um supermercado ou uma loja de bairro. Já na modalidade Troco, o saque vem acompanhado de uma compra no estabelecimento, na qual o cliente tem a opção de solicitar troco em dinheiro com o pagamento realizado por meio do Pix.

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Todas essas novidades e melhorias no sistema financeiro brasileiro caminham para um só lugar: o Open Finance — que nada mais é do que a real abertura para troca de informações entre todos os entes. E têm como premissa descomplicar a relação das pessoas com quem presta serviços financeiros a elas.

Fazendo um exercício de futurologia com um exemplo bem palpável, pense que em um futuro próximo, quando alguém precisar de um empréstimo, não vai precisar escolher entre os bancos que possui relacionamento. Com o open finance, todos os atores do sistema financeiro, bancos, fintechs, cooperativas, poderão oferecer um serviço para essa pessoa, deixando-a livre para escolher qual é a melhor opção. Esse exercício de pensar o mercado de crédito é simples, mas o Open Finance não é um martelo, ele é uma caixa de ferramentas, e podemos esperar novidades que nunca pensamos que poderiam existir.

O Open Finance vem com a ideia de facilitar ainda mais a vida dos clientes, e os desafios para a implantação já estão sendo sentidos. Os grandes bancos possuem sistemas legados, que precisam ser adaptados em termos de tecnologia e de produto. Já as fintechs, correm para atender as demandas regulatórias também.

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Houve um tempo para adaptação com o Pix da mesma forma, entretanto, por ser um produto, foi mais fácil de oferecer. As empresas e pessoas podem criar uma chave e fazer transferências tranquilamente. Já o Open Finance é todo um sistema novo que precisa ser explorado e construído, é um novo contexto de compartilhamento de dados, e em cima desses dados, as instituições participantes podem oferecer inovação. Como consequência disso, vemos um esforço do regulador e dos atores desse ecossistema em educar e mostrar as vantagens deste novo sistema ao para o público em geral.

O que vemos em comum entre o Pix e o Open Finance é a digitalização do dinheiro — o Banco Central (BC) já têm projetos para lançar o Real Digital. De acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS), aproximadamente 86% dos Bancos Centrais (BCs) internacionais têm interesse em moeda digital, e cerca de 60% dessas instituições já estudaram ou estudam a possibilidade de oferecê-la.

Esse passo representa serviços financeiros ainda mais acessíveis, tendo em vista o barateamento das operações de pagamento via digital. Além disso, abre portas para novas tecnologias serem desenvolvidas.

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O maior desafio de 2022 será o de educação em relação aos novos serviços financeiros. Hoje, o Pix faz muita diferença na vida das pessoas, mas inicialmente, levantou suspeitas sobre fraudes e falta de segurança, disseminadas por informações desencontradas e desafios de comunicação. Também é necessário incluir na equação quem nunca teve contato com tecnologia e que teve o Pix como primeira solução inovadora vista.

É essencial que as pessoas entendam como as mudanças estão sendo feitas e o porquê de serem importantes. Traduzir esses benefícios e comunicar o que está por vir será a grande prova de fogo de 2022.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Fernando Nunes

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