Alexsandro Nishimura

O que esperar de maio: Copom, Fed, balanços e política devem definir os rumos da bolsa

Maio já começa com uma super quarta, com reuniões de política monetária no Brasil e EUA. Estes eventos têm capacidade para definir o comportamento dos mercados no mês. As decisões, porém, já estão bem precificadas

Maio já começa com uma super quarta, com reuniões de política monetária no Brasil e EUA. Estes eventos têm capacidade para definir o comportamento dos mercados no mês. As decisões, porém, já estão bem precificadas, com ampla expectativa de manutenção da Selic e elevação de 0,25 p.p. dos fed funds.

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O que está em jogo é decifrar o que os bancos centrais pensam para as próximas reuniões. É pouco provável que Fed e BC se comprometam para futuras decisões, seguindo protocolares discursos sobre o que é necessário para desencadear mudanças em suas políticas, mas sem cravar qualquer decisão.

As apostas para as futuras reuniões, por enquanto, apontam para uma parada na subida dos juros pelo Fed, a partir da reunião de junho. Quanto ao Copom, a curva de juros mostra possibilidade de queda da Selic na reunião de agosto.

Dá para dizer que a volatilidade deve seguir em maio, pois muitos dos catalisadores do mercado dependem de atores políticos, que muitas das vezes trazem ruídos e embates públicos que provocam distorções. É provável que os indicadores de inflação deem ainda mais argumentos para a disputa entre governo e Bacen, com nova desaceleração dos índices de preços. O problema pode ser temporal, pois a argumentação do governo ganha força nos indicadores do momento, enquanto o banco central está olhando um horizonte mais amplo. Apesar de o IPCA ter entrado no intervalo de tolerância da meta, é esperado que no segundo semestre haja uma aceleração e o índice volte para patamar ao redor dos 6% em 12 meses.

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Outro grande driver para o mercado, o arcabouço fiscal, deve ter sua tramitação ao longo do mês, mas as discussões e possíveis alterações no texto podem trazer mais volatilidade. O arcabouço fiscal deve se entrelaçar com temas relacionados à reforma tributária, uma vez que a proposta do novo ordenamento está mais centrado nas receitas. Isto provocará a chegada de propostas como a taxação de fundos exclusivos e dividendos, com possibilidade de revisão dos juros sobre capital próprio e uma revisão dos benefícios fiscais.

Quanto ao projeto do novo arcabouço, a expectativa indicada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, é votar até 10 de maio, mas o prazo está apertado e interlocutores do relator do projeto já admitem que o parecer só deve ser entregue na segunda semana do mês.

A primeira quinzena de maio concentra muitas divulgações de balanços do primeiro trimestre, o que pode influenciar no desempenho individual ou setorial de algumas ações. Os investidores estarão de olho nos impactos dos níveis ainda elevados de inflação durante o período, a política monetária restritiva e a deterioração das condições de crédito. Por outro lado, as projeções apontam para um aumento do Lucro por Ação (LPA) do Ibovespa, explicado por indicadores econômicos acima das expectativas referentes aos primeiros meses do ano.

O exterior pode trazer alguns solavancos e adicionar volatilidade, agora com a onipresença dos temores com o setor bancário americano e/ou europeu.

No cômputo geral, creio que tenhamos mais chance de se desenvolverem fatores positivos, possibilitando um mês de ganhos para o Ibovespa e o real, enquanto os juros podem ceder. Com certeza não será uma trajetória retilínea e a busca por ativos que combinem resiliência e bons fundamentos pode ajudar o investidor a acompanhar um desempenho positivo da bolsa, mas também se proteger de eventuais solavancos.

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Nota

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Alexsandro Nishimura
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