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Camila Nasser
Camila Nasser
Mercado de ações. Foto: iStock

Mercado de ações. Foto: iStock

Falta clima no mercado de capitais

Quando nos deparamos com a tragédia no Rio Grande do Sul, é válida a reflexão sobre como podemos mitigar ou até mesmo evitar novas tragédias climáticas por meio de uma maior exposição de negócios de impacto ambiental ao mercado de capitais.

Apesar de estarmos vivenciando uma crescente de negócios voltados ao desenvolvimento de soluções sustentáveis focadas em impulsionar uma economia verde, com baixa emissão de carbono e mitigar impactos das mudanças climáticas, a destinação de recursos às tais climate techs é ainda baixa.

Globalmente, os investimentos no setor atingiram cerca de US$ 70,1 bilhões em 2022, mas retrocederam 30% no ano passado, o que já é sinal de alerta. Na América Latina, a exposição desses ativos ao mercado de capitais ainda é irrisória.

Atualmente, a principal categoria de negócios associada a investimentos sustentáveis é a de veículos elétricos: o setor de transportes representa 16,2% da emissão de gases de efeito estufa, de acordo com um levantamento da KPMG. Apesar disso, mais da metade dos investimentos em climate tech entre 2015-2020 foram destinados a esse mercado, uma participação desproporcional frente a outras indústrias em que o impacto ambiental é bastante superior.

De acordo com Jamil Wyne, fundador do Climate Tech Bootcamp, isso acontece graças ao viés da familiaridade, que nos torna mais propensos a investir em negócios que temos maior facilidade em compreender.

Enquanto a maior parte dos investimentos climáticos é destinada a tecnologias familiares (como os veículos elétricos), apenas 7,5% dos investimentos entre 2019 e 2020 foram para startups que ajudam a sociedade a se preparar para os impactos das mudanças climáticas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, há uma escassez de até US$ 366 bilhões para projetos que poderiam ajudar a sociedade a se adaptar ao novo mundo.

Desde 2010, o número global de climate tech mais do que quadruplicou. Se acreditamos no potencial do mercado de capitais de desenvolvimento econômico e social do país, e também na necessidade urgente de adaptação da sociedade para as mudanças climáticas, que afetam principalmente populações e países de maior vulnerabilidade social, é o momento de nossa carteira de investimentos traduzir essas crenças.

*Camila Nasser é cofundadora e CEO do Kria, que é uma das principais plataformas de investimento em startups. A executiva iniciou sua carreira profissional no universo financeiro no Kria, como estagiária, ainda na época de faculdade. Ao longo dos anos, assumiu importantes cargos de liderança, como Head de Marketing e Chefe de Operações. No final de 2020, foi convidada para se tornar CEO da fintech. Camila é graduada em comunicação pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, em São Paulo.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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