Sobre Guimarães Rosa, pautas ESG e a importância de sempre estar de olho na grama do vizinho (Parte 1)

Escrevo o artigo deste mês diretamente do maior evento de Real Estate do mundo, o MIPIM, que acontece anualmente em Cannes, na França. Sim, eu fiquei extremamente lisonjeado e animado quando recebi o convite para participar. Afinal, estão presentes os maiores nomes do mercado de Real Estate, reconhecidos globalmente em seus respectivos segmentos: incorporadores, investidores, gestores, entidades do governo, enfim, toda a cadeia de valor desse “business”. São 4 dias de evento, com direito a 20 mil metros quadrados de exposições de stands, painéis e discussões com um público de altíssimo nível. 

É como diz Guimarães Rosa, em Grande Sertões: Veredas: “é junto dos bão que a gente fica mió”.

Arrumei minhas malas e vim a convite da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior, com o foco principal em atrair capital estrangeiro para as principais iniciativas da nossa economia.  

Se tenho alguma certeza é de que voltarei dessa experiência com novos aprendizados, conexões e relações criadas aqui. 

Afinal, grandes representantes dos mercados de incorporação, hotelaria, shoppings e construção civil no geral estão presentes, e é importante observarmos como estão lidando com a revolução no comportamento dos consumidores nesse mundo pós-pandemia. Quais as tecnologias desenvolvidas e aplicadas em seus negócios? Quais segmentos se mostraram mais ou menos resilientes? O que os principais alocadores de recursos estão priorizando?

É o momento perfeito para olhar para a grama do vizinho e ver o que podemos “importar” para a nossa, aqui no Brasil. 

E falando em Brasil… o que eles (os “gringos”) querem aprender conosco? O que o Brasil tem que deixar o vizinho bem de olho na nossa grama? Desculpe o exagero, mas me arrisco a dizer que 11 a cada 10 pessoas dirão: pautas ESG! 

Inclusive, sou palestrante no stand brasileiro durante o evento e minha apresentação é justamente sobre quais são as principais tendências ESG no mercado de Real Estate no país. Quais são as diretrizes governamentais em prol dessa pauta, o que tem dado certo ou errado, o que nós, gestores de fundos, estamos priorizando em termos de sustentabilidade quando o assunto é investimento. Nesse sentido, a nossa grama é verde e, tenho certeza, o mundo inteiro está de olhos bem abertos para ela. 

Claro, do lado de dentro, sabemos do tamanho do desafio que temos pela frente, principalmente tendo em vista as recentes tragédias ambientais que, ano após ano, atingem o nosso país. Porém, frente ao que os outros lugares do mundo vêm desenvolvendo, é inegável que estamos caminhando a passos mais acelerados do que a média e que, mais do que isso, estamos gerando resultados positivos em termos de impactos socioeconômicos. 

Olhando especificamente para o lado “S” do ESG, o “social”, temos o programa “Minha Casa Minha Vida” como um forte exemplo. O Brasil tem, atualmente, um déficit habitacional de quase 6 milhões de moradias e a proposta desse programa é simples: por meio de juros subsidiados e uma dívida alongada, famílias poderão, de acordo com a classificação da sua renda, comprar suas próprias moradias. E sim, em termos de impacto, as notícias são boas: estamos conseguindo diminuir esse “gap” habitacional.

Mais uma vez, Guimarães Rosa nos ajuda a entender a questão: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.

No meu próximo artigo, quero trazer para vocês tudo que vi, ouvi e vivi por aqui durante essa semana. Espero que gostem!