Como a evolução da pandemia impacta os investimentos financeiros
A covid-19, desde que surgiu, tem sido o assunto central no dia a dia das pessoas e, principalmente, nas análises dos investidores. Governos de todo o mundo aplicaram incentivos similares para tentar minimizar os impactos econômicos decorrentes da luta contra a pandemia.
Porém, como sabemos, a evolução da doença não foi simultânea em todo o mundo. Para uma análise mais profunda, precisamos separar o mundo em grupos considerando o momento que cada região se encontra em relação a pandemia.
O grupo mais avançado na luta da pandemia é liderado pela China, mas inclui também grande parte do Sudoeste Asiático, Nova Zelândia e Austrália.
As economias desses países já se mostram fortes suficientes para que a preocupação dos bancos centrais e governos presentes nestes locais se desloque para um outro importante componente econômico: a inflação.
Com esse crescimento mais garantido, as discussões sobre a retirada dos incentivos colocados em prática no início da pandemia já é uma realidade e, em muitos casos, esse retrocesso já foi iniciado.
Após atingirem máximas no início do ano, os ativos financeiros desses países refletiram essa mudança de atitude e vimos suas bolsas terem uma realização (queda) significativa dos preços das ações.
Todo esse processo deve ser encarado como algo positivo, pois mostra que a economia está robusta o suficiente e, que já foram evitadas as maiores distorções dos preços de ativos. Podemos dizer que houve uma acomodação destas economias e, que elas agora estão prontas para um desenvolvimento mais sustentável.
O segundo grupo é composto pelos países da Zona do Euro, Reino Unido e Estados Unidos. Nesse grupo, a pandemia se encontra em uma fase de maior controle e a economia já mostra fortes sinais de recuperação.
Porém, essa recuperação ainda é recente o suficiente para que os bancos centrais comecem a sentir a necessidade de reduzir seus incentivos.
Com isso, os ativos financeiros desses países têm atingido máximas históricas, algo extremamente atrativo para os investidores internacionais.
Com o passar do tempo, as economias dos países que compõem esse grupo devem atingir um estágio de crescimento e confiança para que os respectivos bancos centrais e governos se sintam confortáveis em começar a retirada dos estímulos econômicos.
Quando isso ocorrer, devemos presenciar um movimento similar ao visto nos países do primeiro grupo, ou seja, uma realização mais forte dos ativos financeiros e um
crescimento econômico mais equilibrado a partir desse momento.
O terceiro grupo é composto, principalmente, pelos países da América Latina e Índia. Esse grupo está em um estágio inicial de controle da pandemia e a economia ainda mostra sinais conflitantes em relação à recuperação.
Isso faz com que as evoluções dos preços dos seus ativos financeiros possam ser consideradas atrativas, pois ainda se encontram muito distantes do momento de retirada dos incentivos, como ocorre no primeiro grupo.
Infelizmente no Brasil essas variáveis estão ainda mais indefinidas pois, além do momento da pandemia, temos uma elevação significativa da inflação e do ruído político. Desse modo, podemos afirmar que a economia brasileira é mais complexa que a simples comparação com os momentos anteriores.
Mesmo assim, o entendimento da situação atual de cada grupo pode ajudar o investidor a ter ganhos importantes. Nesse ponto de vista, investimentos em ativos europeus e norte-americanos tem possibilidade de ganhos no curto prazo.
Entretanto, estes se apresentam com risco crescente, pois a fase da retirada dos incentivos se aproxima a cada dia.
No caso dos ativos asiáticos, a lógica é oposta. A dificuldade de curto prazo vinda pela retirada dos estímulos abre espaço para um crescimento mais de longo prazo. Isto oferece uma sustentação para investimentos com foco no médio e no longo prazo.
Com a diversificação global, o investidor pode aproveitar o momento de cada uma das economias desses países para ter retornos mais atrativos mantendo o seu risco mais sob controle.