Mais uma variante, e agora?
Na altura que escrevo esse artigo, as dúvidas sobre a nova variante da Covid-19 (Ômicron) ainda são enormes. Porém, já podemos tirar algumas conclusões sobre esse momento e, principalmente, como se deve agir quando olhamos para os nossos investimentos.
Nesse momento ainda quase nada sabemos dessa variante: qual é o grau de proteção das atuais vacinas nessa nova realidade e como isso afeta a letalidade da nova variante. Mesmo com quase nenhuma informação concreta, os mercados financeiros sofreram muito, com grandes quedas no mercado acionário por todo o mundo e não sendo diferente no caso Brasil. Isso ocorreu por dois motivos principais.
No início da pandemia, em 2020, os investidores minimizaram os efeitos de um novo vírus pois acreditaram que a Covid-19 seria uma doença com características similares a outras doenças que causaram grande preocupação inicial, mas que rapidamente foram contidas e não trouxeram maiores perdas às principais economias mundiais. As gripes suína e aviária são exemplos de doenças que trouxeram pouco impacto as grandes economias mundiais. Tendo aprendido a lição de não subestimar o poder destrutivo da Covid19, o mercado teve uma reação bem mais rápida, já colocando no preço dos ativos uma variante letal e com grande poder de infecção.
O outro motivo foi o momento de transição que a economia mundial, principalmente a economia americana, está passando. Depois de anos forte valorização, os mercados acionários entram em 2022 com fortes dúvidas: a inflação mundial e o início do aumento dos juros, principalmente nos Estados Unidos. O banco central americano, Federal Reserve (Fed), tem feito um bom trabalho de comunicação da maneira de irá retirar os incentivos e as condições necessárias para o início do ciclo de aumento de juros. Apesar disso, toda transição é um momento muito delicado para os agentes econômicos e fazendo que um fato inesperado possa ter uma reação ainda mais forte.
Mesmo tendo uma tão recente variável na composição do nosso cenário, podemos tirar algumas conclusões:
• Alterações nos cenários e, por consequências, nas carteiras de investimentos só devem ser feitas quando se tiver uma visão menos turva dos impactos da variante Ômicron, principalmente a eficácia das atuais vacinas já disponíveis.
• O cenário mundial continua favorável a um crescimento econômico positivo, apesar que menor que anos anteriores, juros ainda baixos, apesar de maiores que nos anos anteriores.
• A última pandemia que a humanidade viveu, a gripe espanhola no século passado, durou 3 anos, sendo que o mais letal foi o segundo ano. A Covid19 entra no seu terceiro ano em 2022, o que nos leva a crer que ainda teremos muita volatilidade pelos próximos doze meses.
Vale também lembrar que a experiência mostra que redução de risco em momentos de maior volatilidade não é uma política com grande probabilidade de sucesso. Não precisamos ir muito longe para termos um ótimo exemplo: a atual pandemia nos mostrou isso durante o ano passado. Uma carteira de investimentos deve ter espaço de risco e liquidez para aproveitar essas oportunidades. Esse colchão de liquidez deve fazer com que o investidor não se sinta motivado a diminuir risco em momentos de crise e por consequência, preços menos atrativos.