Investimentos: como encarar esse processo?
Apesar do ato de investir não ser algo muito raro, a maioria dos investidores não segue um processo definido e claro. Ter um processo de escolha dos ativos a serem investidos e o que deve ser levado em consideração é essencial, principalmente, pelos investidores menos técnicos.
Um dos passos mais importantes é ter um objetivo a ser seguido e o prazo para alcançá-lo. A escolha da carteira de ativos pode depender dos objetivos do investidor. Um exemplo simples: o propósito desse investimento é uma viagem ao exterior. Nesse caso, a proposta de carteira deve ter grande exposição a variação cambial. Já se o objetivo é uma aposentadoria mais tranquila, a proposta deve focar em uma maior exposição dos ativos atrelados à inflação. Simultaneamente, a carteira também depende do prazo em que se deseja alcançar sua meta. Prazos mais curtos exigem maiores aportes financeiros, sejam eles iniciais, durante o período, ou possivelmente os dois.
Depois, temos o segundo ponto que devemos debater: aportes financeiros para a montagem da carteira de investimentos. Muitos investidores costumam guardar (no caso, o termo correto é poupar) os recursos que sobram dos gastos mensais. Apesar de não ser a melhor maneira, nesse caso, os investimentos estão subordinados aos gastos de consumo mensais. Levando em consideração o prazo e o objetivo a ser alcançado, os valores que garantem esse planejamento devem ser priorizados. Isto é, o consumo mensal deve estar atrelado a quanto se quer poupar, e não o oposto. Esse ponto, na minha opinião, é o mais difícil de ser feito, pois exige muita disciplina e mudança de comportamento, algo muito complexo.
Outro ponto muito importante é conhecer o perfil do investidor. Isto é caracterizado pelo grau de sua aversão ao risco, pelos seus conhecimentos, sua necessidade de liquidez, entre outros aspectos. Na maioria das vezes, o perfil irá se alterar durante a vida do investidor e seu momento profissional. Investidores que ainda estão acumulando recursos geralmente têm perfil mais agressivo. Por outro lado, investidores já aposentados e, que dependem dos investimentos para custear seu consumo atual, devem ter um perfil mais conservador.
Com essas definições, entra em cena um pouco da arte de investir. Alinhar o objetivo da carteira, os prazos e o perfil do investidor, com os retornos esperados de cada classe de ativos a serem investidas, é uma tarefa mais complexa do que se imagina. Requer muitas reavaliações e questionamentos. Tomando em conta os volumes, fluxos de aporte disponíveis e o perfil do investidor, muitas vezes, o prazo para atingir o objetivo da carteira se torna inviável. Quando isso ocorre, temos um processo autoalimentado de se questionar uma maior disponibilidade de fluxo de investimentos (ou um aumento da taxa de poupança do investidor), um aumento do prazo para se atingir o objetivo ou uma possível adequação deste.
Por fim, entra a diversificação da carteira de investimentos. Um bom portfólio deve ser composto por uma série de classes de ativos alinhados as definições anteriormente colocadas. Nessa etapa é importante o velho ditado: não colocar todos os ovos em uma única cesta. Por mais confiança e segurança que temos em um ativo ou classe de ativos, devemos sempre evitar concentrações, pois aumentam o risco de grandes perdas.
Todo esse processo deve ser revisitado periodicamente – no mínimo anualmente – ou sempre que algum dos fatores tenham alterados. Como um novo fluxo de recursos, troca de objetivos ou variação dos prazos.
Concluindo, assim como cuidar da própria saúde com processos periódicos definidos por profissionais, o ato de investir também deve ser encarado de uma maneira séria e recorrente, acompanhado por assessores competentes.
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