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Matheus Marcondes
Startups - Foto: Pexels.

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Fracasso ao criar sua primeira startup não é sinônimo de game over

O mundo das startups é frequentemente romantizado, pintado como um universo de jovens visionários que constroem empresas inovadoras. No entanto, a realidade é bem mais complexa e, muitas vezes, menos glamourosa. De acordo com um estudo da CB Insights, apenas 10,4% delas conseguem levantar capital adicional após a primeira rodada de financiamento. Isso significa que a grande maioria das empresas não consegue se sustentar e acaba fechando as portas.

A verdade é que a grande maioria dos negócios de primeira viagem falham, e isso não significa necessariamente o fim do jogo para seus fundadores. Um estudo da Harvard Business School descobriu que fundadores que falharam em seus primeiros negócios têm 20% mais chances de ter sucesso em seus próximos empreendimentos. Isso indica que o resultado negativo não impede o sucesso futuro e pode até mesmo ser um fator que contribui para ele.

No Brasil, a cultura do fracasso ainda é vista de forma negativa: a aversão ao risco é alta e a falha é muitas vezes temida. Essa realidade cria um ambiente em que os empreendedores podem sentir vergonha ou hesitar em arriscar novamente após uma perda inicial. No entanto, é fundamental trabalhar para mudar essa mentalidade.

É crucial entender que não dar certo não é apenas comum no mundo empresarial; é praticamente uma expectativa. Diversos fatores contribuem para esse cenário, incluindo falta de mercado para o produto, problemas de fluxo de caixa e competições ferozes. Esses números, no entanto, não deveriam desencorajar empreendedores. Pelo contrário, deveriam ser vistos como uma parte importante do processo de crescimento pessoal e profissional.

Cada erro cometido oferece lições proveitosas sobre o mercado, gestão de negócios, e até mesmo sobre o próprio empreendedor. Tomemos como exemplo empreendedores renomados como Elon Musk, Steve Jobs e Richard Branson. Todos eles enfrentaram momentos ruins significativos antes de alcançar o sucesso. Em vez de desistir, eles usaram essas experiências para ajustar suas estratégias e fortalecer suas futuras iniciativas.

Em minha própria trajetória tive de lidar diretamente com o que podemos chamar de tentativas fracassadas. Desde atuar como dentista em clínicas privadas, criar um “consultório ambulante” e me tornar sócio de uma franquia de odontologia, até finalmente acertar na escolha e tomada de decisão, dando vida à Smile University, proporcionando aos profissionais as condições necessárias para se destacarem no mercado competitivo.

Empresas e investidores começam a reconhecer a importância do recomeço no processo de aprendizado e inovação. Há um movimento crescente em direção a uma maior aceitação e até celebração como uma etapa natural na jornada empreendedora. Eventos como o “FailCon”, conferência dedicada ao estudo de falhas, são exemplos de como o ecossistema empreendedor pode evoluir para apoiar melhor aqueles que ousam tentar e falhar.

Fracassar ao criar um negócio não é sinônimo de game over. Pelo contrário, pode ser o início de uma nova oportunidade, em que as chances de sucesso são maiores devido ao aprendizado obtido. É essencial que os envolvidos reavaliem a forma como veem e lidam com os desafios, promovendo uma cultura de resiliência e aprendizado contínuo. O verdadeiro game over só ocorre quando se deixa de tentar.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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