Investimento em ações, moda ou filosofia?
Desde março de 2020 vivemos uma tendência de queda de preços generalizada nos mercados acionários nacionais e internacionais. Portanto, as perguntas que não param de assombrar nossas mentes são: até quando terei que ouvir que investimentos em ações são para longo prazo? O longo prazo não acaba nunca? Ações são iguais jogos de azar.
Estes pensamentos são perfeitamente compreensíveis, principalmente aos investidores que iniciaram sua jornada em renda variável em 2019, pois no acumulado do ano o Ibovespa, principal índice acionário rentabilizou 33,74% enquanto tínhamos uma Selic meta de 4,5% e uma inflação (IPCA) de 4,31%.
Se este for o seu caso, não se preocupe, você não está sozinho. Em 2018 a B3 informou que aproximadamente 700 mil CPFs acessavam a bolsa de valores sendo que no final de 2019 este número foi de 1,4 milhão (100% de crescimento) e em 2020 atingiu 2,7 milhões.
Veja bem, após um crescimento relevante de preços, temos também um crescimento exponencial de demanda por este investimento? Aqui está o primeiro ponto de atenção. Para profissionais de investimentos é infinitamente mais fácil e menos contraditório recomendar classes com as maiores rentabilidades recentes, afinal, naturalmente temos a intuição que determinado investimento que rendeu muito, continuará rendendo.
A verdade é que os preços tendem a se ajustar de acordo com características especificas dos negócios mas também refletem fatores macroeconômicos que por sua vez são cíclicos, expansão, maturação, estabilidade, correção, recessão, recuperação, expansão e assim sucessivamente.
Neste sentido supondo que ciclos terão continuidade, o ideal é se interessar por negócios resilientes, perenes, com histórico de boa gestão nos períodos dos ciclos e que apresentam margem de segurança em seus preços – entretanto, agora está a pior parte do problema. O mesmo profissional que recomendou ações em 2019 por histórico de rentabilidade te induzirá a migrar para renda fixa neste momento, pois atualmente o Ibovespa fechou 2022 com aproximadamente 4,8% de rentabilidade contra 13,75% da renda fixa. Para que correr riscos?
Esta fórmula evita o desgaste para quem está do lado das recomendações, mas para o investidor é a receita da destruição de patrimônio. Nós que acreditamos no valor dos negócios iremos sempre recomendar ações independente dos momentos do ciclo, mas o diferencial está na curadoria da seleção, para que com análises possamos direcionar os aportes em empresas com maior margem de segurança segundo os princípios do value investing em cada momento econômico.
Não podemos esquecer que o real gerador de valor em nosso modelo cultural e econômico são as empresas. Em prazos maiores, são empresas que gerarão ganhos sociais, tecnológicos e econômicos, não títulos de dívida (renda fixa), pois, se existe captação de dívidas, são para investimentos em projetos que pagarão as dívidas e gerarão lucro econômico. Sendo assim, em qual lado você quer estar?
Para finalizar, além das classes de investimentos que estarão presentes em sua carteira, se faz necessário um estudo profundo de quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo, necessidade de liquidez, tolerância a risco, planejamento familiar, pois o ativo certo na quantidade e momento errado, poderá gerar prejuízos relevantes ao seu patrimônio.
Esta matéria foi escrita pelo time da Suno Consultoria. Para conhecer melhor este serviço da Suno, clique aqui
Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.
Qual é a perspectiva para a bolsa de valores? Veja nesta coluna.
É sabido que o cenário global aponta para um período de taxas de juros mais elevadas, possivelmente mais prolongado do que estava previsto. Adicionalmente, o forte des...