Economia chinesa está mesmo desacelerando? Vale (VALE3) está fadada ao fracasso?
Para analisar o cenário atual da economia chinesa, é importante estudar e entender o plano econômico que o país implementou nos últimos 10 anos.
Ele foi focado em manter um crescimento sustentável, diversificar sua economia, com ênfase em inovação, consumo interno e desenvolvimento de alta tecnologia. Podemos citar alguns pilares que fundamentaram esta estratégia ao longo do tempo:
- Mudança de Modelo de Crescimento: Tradicionalmente, o crescimento econômico da China foi impulsionado por investimentos em infraestrutura, exportações e indústrias manufatureiras. Nos últimos 10 anos, o país tem tentado se mover para um modelo mais sustentável, impulsionado por consumo interno e inovação tecnológica. Isso foi refletido no plano “Made in China 2025”, que busca transformar a China em uma líder global em indústrias de alta tecnologia, como robótica, inteligência artificial e energia renovável.
- Urbanização e Expansão do Mercado Interno: A urbanização tem sido um componente chave, com grandes investimentos em infraestrutura urbana, moradia e transporte, o que ajudou a aumentar o consumo doméstico. A classe média chinesa cresceu significativamente, tornando-se um motor para o mercado interno, com maior demanda por produtos e serviços de alto valor.
- Política de Estímulo e Investimentos Externos: A China aumentou seu envolvimento em projetos internacionais, especialmente através da Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative – BRI), expandindo seu alcance econômico para outras partes da Ásia, Europa, África e América Latina. Além disso, nos últimos anos, o governo lançou pacotes de estímulo para sustentar o crescimento econômico, especialmente em tempos de desaceleração.
- Reformas Financeiras e Abertura Cautelosa do Mercado: O governo chinês tomou medidas para reformar o setor financeiro, promover a internacionalização do yuan e atrair mais capital estrangeiro. Contudo, isso tem sido feito de forma cautelosa, mantendo um controle rígido sobre o sistema bancário e o fluxo de capitais para evitar riscos financeiros.
Este modelo funcionou muito bem e transformou a China na segunda maior economia mundial, porém quanto maior, mais difícil continuar crescendo no mesmo ritmo e, atualmente enfrenta problemas para continuar o ritmo de crescimento, dentre eles podemos citar alguns exemplos:
- Endividamento Elevado
- Desaceleração Econômica Pós-Pandemia
- Tensões Geopolíticas
- Desigualdade Social e Envelhecimento Populacional
- Transição Energética e Ambiental
Buscando entender qual o impacto deste cenário na Vale, empresa de mineração brasileira, precisamos analisar especificamente sobre o setor imobiliário e de construção civil
Ele desempenhou um papel crucial no crescimento econômico da China nas últimas décadas, mas agora está em crise devido a uma série de problemas estruturais e financeiros.
Existe um alto endividamento das empresas, excesso de oferta de imóveis, queda de demanda, crise de confiança, inadimplência, entre outros.
Em 2022 e 2023, o crescimento dos investimentos em imóveis caiu de forma acentuada. O crescimento, que historicamente era de dois dígitos, passou a uma retração. A taxa de crescimento de investimentos no setor imobiliário caiu para -7% a -10% ao ano nos últimos trimestres de 2022 e início de 2023, sinalizando uma crise no setor.
Retomando para Vale, atualmente a China representa de 50% a 60% da sua receita, sendo que o país representa de 20% a 30% do volume de construção do mundo.
Podemos então interpretar estes dados como preocupantes, porém longe de representar um risco de ruína para Vale em minha opinião.
Além do setor ser cíclico, sendo então natural altos e baixos em seu desenvolvimento, caso de fato economia chinesa siga caindo junto com sua demanda por minério de ferro, ela representa 30% do mercado global, havendo ainda 70% do mundo para Vale explorar, com um minério de ferro de altíssima qualidade e um custo de extração extremamente competitivo.