Luiz Gustavo

Como está a temperatura do Venture Capital?

O momento atual do Venture Capital ainda é desafiador e a captação de recursos com investidores institucionais passa por uma fase, digamos, complexa

O momento atual do Venture Capital ainda é desafiador e a captação de recursos com investidores institucionais passa por uma fase, digamos, complexa. Mas, felizmente, já começamos a ver uma mudança acontecendo. Embora os investidores ainda estejam atuando de forma mais conservadora, avaliando de forma mais minuciosa os resultados e ponderando muito a responsabilidade financeira dos negócios antes de liberar o capital, percebemos agora uma movimentação maior por parte deles, o que é bastante animador.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/06/1420x240-Banner-Home-1-1.png

Por outro lado, os empreendedores entenderam o recado e, como de costume, procuraram se adaptar rapidamente. Desde que as ‘torneiras’ dos investidores começaram a secar, as startups passaram a recitar, em coro, o mantra ‘preservar caixa é o que importa’, driblando a crise com demissões em massa e muito trabalho para manter os números saudáveis. E isso, como a mídia bem registrou, vem acontecendo mesmo em unicórnios consolidados no mercado.

Outro fator de destaque é que as rodadas estão demorando mais tempo para serem realizadas. Então é fundamental levar isso em consideração no planejamento de caixa.

A StopClub, startup da qual sou sócio-fundador, captou o primeiro aporte em 2018 e, de lá para cá, já vimos muitas mudanças acontecendo no mercado: de uma consolidação do ecossistema com regras claras – em que os empreendedores sabiam quase exatamente quais métricas deveriam alcançar para estarem elegíveis a uma próxima rodada -, passando pelo caos da pandemia e a subsequente euforia desenfreada na busca por crescimento a qualquer custo, até chegar ao momento atual: mais pé no chão. E foi nesse cenário atual que conseguimos receber nosso último aporte, de US$ 1,2 milhão, liderado pela Redpoint eventures.

Cito esse exemplo para deixar claro que existe, sim, capital disponível no mercado. Os fundos estão capitalizados para investir. E, sendo assim, é importante que as startups sigam nesse caminho mais responsável, mostrando capacidade de geração de receita e eficiência financeira, se quiserem atrair o capital dos investidores de risco e, com ele, a oportunidade de escalar rápido seus negócios.

Claro que existem outras formas de crescer e ganhar escala sem depender do capital de investidores risco. Mas se esse for o caminho escolhido, é fundamental entender como estão as regras do jogo.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/06/1420x240-Banner-Materias-01.png

Seguir a cartilha do capital de risco e aliar-se a fundos de venture capital, não há dúvida, ajuda muito em cada etapa do processo de crescimento de uma startup. Não apenas pelo capital disponibilizado para a companhia, mas talvez em igual importância, pelas “cabeças pensantes” desses investidores, o senso crítico de pessoas que não estão no dia a dia do negócio e também toda a rede de contato deles. No caso da StopClub, nossos investidores sempre foram muito importantes nos momentos difíceis e bons da nossa jornada, que ainda está no começo.

Um ponto de consenso hoje é que empreendedores devem sempre zelar pela saúde financeira de seus negócios e conseguir apresentar resultados expressivos de geração de receita. O único ponto de ponderação é para que empreendedores não fiquem, necessariamente, obcecados a fazer tudo o que os fundos de venture capital dizem querem ver. Acredito que o foco deve ser sempre o seu público-alvo, buscando entender e oferecer o que seus clientes querem e precisam, com uma estratégia de retorno financeiro eficiente e poderosa. O interesse dos investidores, acredito, é o reflexo do sucesso em entregar algo de valor para seus clientes, em um mercado grande e com enorme potencial de retorno financeiro.

Em síntese, esse ajuste de mercado é positivo e beneficia o ecossistema como um todo, devendo se transformar em uma conduta normal das startups. Quem estiver bem adaptado e conseguir bons resultados deve continuar conseguindo levantar recursos para escalar seus negócios.

*Luiz Gustavo Neves é cofundador e CEO da StopClub, fintech social focada em apoiar motoristas e entregadores de aplicativo por meio de ferramentas colaborativas que ajudam esses trabalhadores em seus desafios diários.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Luiz Gustavo
Mais dos Colunistas
Hilton Menezes Multi Corporate Venture Capital: o “M”do CVC

O conceito de Multi Corporate Venture Capital (MCVC) está emergindo como uma poderosa estratégia de investimento colaborativo, em que múltiplas corporações unem forças...

Hilton Menezes
Camila Nasser Como promover maior diversidade no perfil dos fundadores de unicórnios?

A Defiance Capital fez uma análise de todos os novos unicórnios criados no período entre 2013 e 2023, nos Estados Unidos e no Reino Unido. A amostra constatou a criaçã...

Camila Nasser

Compartilhe sua opinião