Reserva de Oportunidade: uma grande aliada do investidor paciente
A Reserva de Oportunidade tem um papel de suma importância na carteira nos momentos de maior volatilidade, mas, dada a simplicidade do ativo e sua constância, atrai poucos olhares e é menos utilizada do que deveria.
Para aqueles que já passaram por momentos de estresse do mercado, em algum momento já devem ter ouvido a famosa frase “Cash is king” (Dinheiro é rei) proferida aos ventos por diversos participantes do mercado. A verdade é que essa frase é muito mal compreendida, mas, para aqueles que sabem o momento adequado de “fazer” caixa e utilizá-lo, conseguem colher bons frutos – e é sobre isso que falaremos neste artigo.
Dando alguns passos atrás, vamos falar sobre o que é a Reserva de Oportunidade. Ela nada mais é do que parte do capital do investidor que fica alocado em renda fixa pós-fixada (atrelada ao CDI ou Selic) e com alta liquidez (resgate a qualquer momento). É sabido que os melhores negócios são feitos nos momentos mais caóticos e esse é um pensamento comum entre empresários de sucesso (enquanto uns choram, outros vendem lenços) – o mesmo se aplica para investimentos em Bolsa de Valores.
O Oráculo de Omaha e maior investidor do mundo, Warren Buffett, é um grande adepto de manter sempre uma parte do seu capital em caixa – uma parte por questões regulatórias, visto que uma das atividades de sua empresa é no ramo de seguros -, mas ainda outra boa parte para aproveitar momentos de insanidade no mercado.
A parábola do Senhor Mercado foi criada por Benjamin Graham, mentor de Buffett, e traduz esse pensamento. Na parábola, O Senhor Mercado era dono de terras agrícolas e lhe oferecia para comprar suas terras todos os dias, alguns dias por um preço astronômico (geralmente após uma grande colheita) e outros por um preço ridiculamente baixo (geralmente após uma quebra de safra) e na maioria das vezes por preços razoáveis em períodos comuns.
A grande vantagem é que você não precisa fazer negócios com o Senhor Mercado todos os dias, você pode fazer quando lhe for mais vantajoso – aí é que está a utilidade do Caixa. Se após um ano de uma safra recorde você percebe que os preços estão ficando artificialmente elevados e começa a fazer reservas, no período seguinte quando houver uma safra mais fraca (ou uma quebra de safra) você pode comprar a “Terra” (ações de empresas) por um valor muito mais barato com os recursos guardados. Existem zonas de preço em que pode ser vantajoso comprar, manter ou até vender ativos (quando o preço fugir da racionalidade).
O grande segredo está em ter uma boa leitura de mercado e saber o momento de fazer ou utilizar Caixa, e essa não é uma tarefa fácil.
De forma simples, você pode realizar seus aportes periodicamente enquanto vê boas oportunidades as quais consegue rentabilizar seu capital de forma satisfatória. À medida que essas oportunidades vão ficando mais escassas pode ser o momento de começar a fazer reserva e caso não encontre nenhuma oportunidade o melhor a se fazer seria direcionar o seu aporte integral para sua Reserva de Oportunidades, ou rever suas premissas para entender se não estão sendo demasiadamente conservadoras – sugiro que tenha um profissional confiável ao seu lado para te auxiliar nesta jornada.
Enquanto muitos, desalentados após uma crise, desistem de investir e concluem que “isso não é para eles”, os grandes investidores utilizam o momento para ir às compras e fazer ótimos negócios, pois a melhor hora para comprar algo é quando a sua contraparte deseja vender (muitas vezes a qualquer preço). A paciência, aliada a uma dose de trabalho duro e visão de longo prazo é uma virtude incomparável.
No entanto, lembre-se sempre de comprar uma terra fértil (boas empresas), pois, mesmo que o ano tenha sido de seca, sabemos que a chuva em breve voltará e a colheita será generosa para aqueles que plantaram bons frutos.
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