Luana Monteiro

Cresce presença feminina no mercado financeiro, mas há muito que caminhar

O mundo das finanças é predominantemente masculino. Mas há avanços, mesmo que o patamar da atuação de mulheres neste segmento do trabalho ainda seja baixo. Combater o preconceito é tarefa diária.

Foi ótimo festejar a presença feminina no mercado de trabalho em 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Principalmente porque o mundo das finanças é predominantemente masculino. Mas há avanços, mesmo que o patamar da atuação de mulheres neste segmento do trabalho ainda seja baixo.

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Isso tem uma explicação. Chega a ser inacreditável que, até 1962, as mulheres só podiam abrir conta bancária com aprovação do marido. Essa era uma das diretrizes do Estatuto das Mulheres Casadas. E a cabeça financeira do casal era sempre a do homem.

Felizmente, o mundo mudou. E com ele veio a emancipação feminina e a remuneração da mulher para fazer o que bem entender com seu dinheiro. Claro que as distorções salariais existem, pois as profissionais mulheres ainda ganham cerca de 20% a menos do que os homens nos mesmos cargos. Mas os avanços foram inegáveis.

Nos últimos anos, para orgulho de todos, o número de mulheres nas finanças brasileiras tem crescido. Segundo levantamento do Trademap, as mulheres são 14,6% da alta administração das empresas, em comparação a 8,2% cinco anos atrás. Mas as 50 companhias analisadas possuem 1.043 executivos (diretoria e conselho de administração, incluindo suplentes), sendo apenas 154 mulheres. E, dessas companhias, dez não têm uma mulher sequer na gestão.

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A provedora de índices Teva tem um estudo que mostra que o setor financeiro mostra média de 16,3% de participação feminina nos conselhos das empresas, contra 16,1% do mercado em geral, e 13,2% de mulheres em diretorias, ante 12,3% da média de todas as empresas listadas. Ou seja, há uma modernização maior na gestão empresarial financeira, que contempla igualdade de gênero.

De cada cem companhias com ações negociadas em Bolsa no Brasil, 61 não têm mulheres em cargos de diretoria estatutária, e 37 não têm participação feminina entre os conselheiros de administração. No ano passado, 45% das empresas não tinham nenhuma mulher conselheira, percentual que agora é de 37%. O quadro geral, como se vê, ainda é distante do ideal.

E mais: dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) mostram que, do total de profissionais CGA (Certificação de Gestores de Carteiras Anbima), somente 7% são mulheres. Segundo a Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), dos 1313 analistas CNPI credenciados, apenas 186 (14%) são do sexo feminino. Ou seja, o caminho da equidade é longo.

Para finalizar com um gostinho de entretenimento, recomendo a série “Rainhas da Bolsa”, disponível na Netflix. Conta a história de duas mulheres que ousaram trabalhar na Bolsa do Kuwait, em 1987. A trama, baseada em fatos reais, traz uma reflexão sobre o quanto as mulheres avançaram para conquistar o seu espaço no mercado financeiro.

Mas isso ainda é insuficiente: o mundo financeiro se mantém masculino, com muitas dificuldades para a ascensão de mulheres. Então, mãos à obra. Combater o preconceito é tarefa diária. Ou então, estaríamos ainda na fase de a mulher precisar da autorização do marido para ter uma conta bancária.

(*) Luana Monteiro, sócia diretora da Laqus, fintech que conecta empresas e investidores ao mercado de capitais.

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Nota

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