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Luana Monteiro
Luana Monteiro

Ecossistemas inclusivos geram mais produtividade e oportunidade de negócios

Recentemente, a SEC (Securities and Exchange Commission), a CVM americana, autorizou a proposta de inclusão da NASDAQ (principal bolsa dos Estados Unidos sediada em Nova Iorque), a qual propõe que suas mais de 3,7 mil empresas listadas tenham pelo menos uma mulher e um membro LGBT e/ou outra minoria em seus conselhos de administração.

Empresas brasileiras listadas na NASDAQ, como XP, Arco Educação, Stone, Vinci e Pátria terão que se adequar às novas regras.

Essa é uma iniciativa que acontece na gestão da CEO Adena Friedman que tem um compromisso forte com a diversidade. Nas palavras dela, ainda que o cenário esteja longe do ideal, a nova proposta de composição do board “é um elemento importante para dar aos investidores a confiança na sustentabilidade futura da companhia.”

A proposta de inclusão, claro, sempre gera discussões, mas pessoalmente avalio como de extrema importância porque é o start da renovação na estrutura dos conselhos, e consequentemente, de fomento à ampliação de discussões sobre diversidade de uma forma muito mais efetiva pois serão justamente as mulheres e outras minorias que estarão no centro de tomadas de decisões dessas companhias.

A notícia veio ao encontro com outra, desta vez, mais pessoal, de uma antiga cliente, diretora financeira e VP de uma empresa do setor fumageiro no Rio Grande do Sul que estava saindo para um sabático.

No momento em que lia sobre a proposta de inclusão da NASDAQ, me lembrei das viagens que fazia pelo interior do estado para falar de produtos financeiros para empresas de vários segmentos do agro, como produtores de arroz, couro, fumo e soja.

E me lembrei o quanto essa diretora financeira me marcou na época, muito antes de termos notícia de políticas de inclusão dentro das empresas. Então, era um prazer negociar com ela, e tê-la como referência de profissional, num ecossistema com poucas referências de lideranças femininas.

Desde que iniciei minha carreira no mercado financeiro, percebi que precisava estudar e me esforçar ao máximo para evitar vieses de gênero.

O esforço valeu a pena e um diretor de São Paulo, mais jovem que a gerência gaúcha, apresentou naquela época (há 17 anos precisamente) a visão de que era importante o fomento da diversidade para a área.

Com isso, fui convidada para iniciar as atividades em São Paulo, junto com mais duas estagiárias recém formadas, estreamos como as primeiras mulheres dentro de uma grande tesouraria na capital paulista.

Hoje, como sócia diretora da Laqus, sinto a responsabilidade de ser essa referência positiva para outras mulheres e, principalmente, utilizar minha posição para propor iniciativas de inclusão à medida que nos estruturamos e crescemos.

Atualmente, nós mulheres, somos 34% do quadro de colaboradores da empresa, mas sabemos que temos um caminho ainda a trilhar, que será benéfico tanto para a companhia, quanto para o fomento de novos negócios.

Tanto é que um recente estudo da consultoria Mckinsey aponta que empresas latino-americanas mais abertas à diversidade na percepção de seus funcionários têm em média 55% mais chance de obter rentabilidade superior aos seus concorrentes.

Trocando em miúdos, todos ganham, a sociedade e os negócios tornam-se mais sustentáveis e lucrativos.

Por fim, o mercado financeiro e do agronegócio está mudando (ainda que a passos lentos), vemos cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança e posições de destaque nestes setores.

Por isso, penso que movimentos de grande visibilidade como o da NASDAQ, entre outras empresas aqui mesmo no Brasil, são importantes no fomento da diversidade dentro das companhias, e que por consequência, corroboram numa sociedade mais plural e produtiva.

Nota

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