Por que a ostentação é uma fraqueza
Todos conhecemos estes velhos clichês das redes sociais: as fotos no jatinho, o vídeo de desembarque naquele arquipélago paradisíaco, a pose ensaiada de introspecção na sacada do resort, as frases de efeito em tom moralista e triunfante… Os temas se repetem nesse luxuoso – porém, monótono – desfile de conquistas materiais e virtudes pessoais.
Questionadas sobre a razão pela qual fazem isso, essas personalidades responderiam, de maneira protocolar, que, oras, buscam inspirar seus seguidores.
Na tradição do clássico esquema narrativo da “Jornada do Herói”, tão presente na TV, na literatura e no cinema, relatam de novo e de novo suas trajetórias de sofrimento e superação, de uma origem de dificuldades e sacrifícios, passando pelos desafios e provações do caminho corajosamente tomado, até o retorno como vencedor predestinado que ganhou a liberdade de viver.
Assim, em sua justificativa, tais usuários argumentariam que, ao conhecer seu estilo de vida, acompanhando-os em suas peripécias pelo mundo das maravilhas que o dinheiro pode comprar, você será estimulado a lutar por seus próprios sonhos. “Se eles podem, também posso”, não?
Mas não é bem assim que funciona. Infelizmente, muita gente se atrai pelo glamour das vidas das outras e isso ajuda a vender. Então, no máximo, aquela exibição vai levar você até a página de um curso online em que alguém vai querer te vender uma fórmula mágica qualquer para o sucesso.
A verdade, porém, é que a ostentação é uma fraqueza. Tentar impressionar os outros não é inspirador. É apenas uma grande tolice. E seguir lições de tolos não vai fazer de você uma pessoa melhor, nem lhe proporcionará uma vida melhor. O máximo que isso pode fazer é alimentar as suas próprias fraquezas – e talvez você mesmo se torne um tolo.
O que fazer então?
1 – Realinhe suas motivações
2 – Escolha melhor suas referências
Um breve mergulho nos pensamentos clássicos é um bálsamo para algumas toxinas da vida moderna. Preste atenção às palavras de Sócrates: “A riqueza não produz virtude, mas a virtude torna a riqueza e todas as outras coisas boas para todos, tanto individual quanto coletivamente”.
Segundo Sócrates, vantagens externas só são boas se soubermos usá-las com sabedoria. Coisas como saúde, riqueza e reputação são no máximo vantagens ou oportunidades. Não são essencialmente coisas boas por si.
Donald Robertson, em Pense como um imperador, vai além: vantagens sociais, materiais e físicas trazem aos indivíduos tolos mais oportunidades de prejudicar a si e aos outros.
E, de fato, quando essas vantagens externas são mal utilizadas, fazem mais mal do que bem. A ostentação é um exemplo disso. Quantas pessoas não enfiam os pés pelas mãos todos os dias tentando se encaixar numa história que não é sua só porque gostaram do final feliz que leram?
A pessoa sábia e boa pode florescer mesmo quando confrontada com doenças, pobreza e inimigos. E essa é a essência que você precisa carregar consigo, porque se só a miragem da riqueza motiva, vai ser difícil seguir caminhando quando o horizonte estiver turvo e for difícil enxergar qualquer coisa à frente.
Robertson resume essa visão de forma perfeita e conclusiva: “O sábio não precisa de nada, mas usa tudo para o bem; o tolo acredita que precisa de inúmeras coisas, mas utiliza todas para o mal”.
O verdadeiro objetivo na vida não é adquirir tantas vantagens externas quanto possível, mas usar o que nos é dado com sabedoria: doença ou saúde, riqueza ou pobreza, facilidades ou obstáculos.
Em tudo há a possibilidade de exercer a virtude, de corrigir nossas falhas e talhar o nosso caráter. Mas pode ter certeza: você dificilmente encontrará isso em uma foto no Instagram.
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