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Julio Hegedus Netto
Julio Hegedus Netto

Semana pesada na política e olho no fiscal em Brasília

No Brasil, mais uma semana pesada na política, com novos embates esperados entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), trâmites para a reforma tributária, destaque para a mudança do IRPJ, MP do Auxílio Brasil e PEC dos precatórios. No exterior, em destaque. Na agenda de indicadores, bem fraca, sendo destaque apenas os dados do Caged, talvez na sexta-feira, a arrecadação federal em dia a se confirmar e a divulgação dos balanços chegando ao fim. Nos EUA, em destaque a ata do FOMC e a bateria de balanços por lá, assim como os dados de varejo nos EUA e vários indicadores de atividade na Zona do Euro, Japão, China, etc.

Na política

Continuam as bravatas do presidente Bolsonaro. Desta vez, ele “ameaçou” pedir o impeachment de alguns ministros do STF.

Bolsonaro argumenta que os ministros Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes “extrapolam com atos os limites constitucionais.”

Boatos circulavam, porém, de que ele não gostou de saber que o seu vice, Hamilton Mourão, se reunia com Luiz Roberto Barroso, para conspirar pelo impeachment e ocupar o seu lugar.

Além disso, Bolsonaro tenta responder à derrota da MP do voto impresso e à prisão de Roberto Jefferson. A impressão é que Bolsonaro segue tentando colocar “bodes na sala” para desviar o foco pela sua total incompetência e criminoso negacionismo no trato da pandemia. E a CPI da Covid parece ter chegado a esta conclusão.

O fato é que ele não tem poder para avançar no afastamento dos ministros, prerrogativa do Senado, com o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, já tendo dito que não irá avançar nesta demanda. Segundo um interlocutor do presidente do Senado, “não há qualquer causalidade e nenhum fato objetivo na linha de argumentação de Bolsonaro”. Já são 17 pedidos de impeachment e todos terão o mesmo destino: a gaveta. Segundo um outro interlocutor, Rodrigo Pacheco não vai entrar na do Bolsonaro que continuará “dançando sozinho”.

Há controvérsias neste tema, dada a atuação da “segunda turma” do STF na soltura de vários criminosos de colarinho branco da Lava Jato, julgando parcial a conduta de Sergio Moro, mas não negando a minuciosa investigação do MP de Curitiba. Claro parece que se usam duas réguas em Brasília para avaliar o trabalho de alguns ministros do STF. Claro é que para alguns casos Bolsonaro se omite, até porque sente a ameaça de Sergio Moro como possível candidato em 2022. Mais uma jogada política.

No front fiscal, seguem as dúvidas sobre quais fontes de recursos serão usadas para bancar o Auxílio Brasil e como desenrolar a PEC dos Precatórios, que prevê o parcelamento de dívidas da União em ordens judiciais, junto a empresas e cidadãos. Uma novidade nesta semana será o início das discussões sobre a reforma administrativa. Há previsão de três seminários sobre o tema na terça-feira na Comissão Especial, que avalia esta PEC.

Nos EUA

Na quarta-feira (dia 18), nos EUA, temos a ata do Fomc e com ela “pistas” sobre os novos passos do Banco Central Norte-americano, no início do tapering, processo de desaceleração na compra mensal de ativos pelo Fed, além de projeções de PIB e inflação para os próximos anos.

Em julho, os diretores regionais do Fed afirmaram que a recuperação estava intacta, apesar do aumento da variante Delta e do Payroll de julho mais forte do que o previsto. Lembremos que entre o final deste mês e o início do próximo, acontece a reunião de Jackson Hole e há alguma expectativa de que sejam anunciadas novidades.

Nos EUA, dentre os indicadores, atenção para as vendas de varejo na terça-feira (dia 17), para observarmos se a mudança de hábitos de consumo para viagens, lazer e serviços, não refletidos nas vendas do varejo, continuou em julho. A previsão é de queda de 0,2% nestes dados das vendas do varejo (e expectativa de queda acentuada nas vendas de automóveis). Outros indicadores são a produção industrial, também, na terça-feira e os pedidos de seguro-desemprego na quinta (dia 19), além do Índice Empire State de atividade industrial do Fed nesta segunda (dia 16) e do Fed da Filadélfia na quinta.

Na China

A China, lidando com o seu maior surto de Covid, desde o início da pandemia, impôs testes em massa e restrições a viagens, o que deve travar a atividade econômica.

Na semana passada, vários bancos de investimento de Wall Street, incluindo o Goldman Sachs, reduziram suas previsões de crescimento para a China no resto deste ano. Os dados de produção industrial e de varejo, nesta madrugada, mostraram desaceleração, aumentando os temores de que a recuperação da segunda maior economia do mundo esteja perdendo força. A recuperação da pandemia tem sido desigual na China, com a demanda de exportação impulsionando a maior parte do crescimento econômico, enquanto a demanda interna tem sido retomada de forma mais lenta.

No mercado

O mercado doméstico fechou no dia 13 em suave alta, mesmo com preocupações na seara política e no front fiscal. O principal índice acionário brasileiro, o Ibovespa, registrou avanço de 0,41%, 121.193 pontos, em recuo acumulado de 1% na semana. A conjuntura política conturbada também refletiu na cotação do dólar, que fechou a semana com alta de 0,32% a R$ 5,2466.

Na tabela abaixo, observamos como o real é volátil, frente aos emergentes, dada a grande liquidez do mercado doméstico e o excesso de fatos, econômicos e políticos, que impactam na moeda nacional. Observamos também com o peso colombiano vem oscilando no curto prazo, reflexo do ambiente político açodado, e também na Turquia e África do Sul, pelos mesmos motivos e também pela pandemia. Em 90 dias, grande oscilação da moeda peruana, pela traumática renovação de governo.

Variação do real frente ao dólar e outras moedas

Nesta madrugada (05h05 do dia 16), no mercado asiático os índices operavam, na maioria, em queda. A Bolsa Kospi, da Coréia do Sul, estável, a Nikkei -1,62%, Shanghai +0,03% e Hang Seng -0,88%. No DXY, o avanço do dólar era de 0,08%, a 92.590 pontos, e os barris de petróleo recuando, WTI a US$ 67,03 (-1,73%) e Brent a US$ 69,55 (-1,47%). No mercado de títulos norte-americano, os T Bonds de 2y recuando 5,53%, a 0,2031%, os de 10Y, -2,21% a 1,268% e os de 30y, -1,14%, a 1,926%. Na abertura da Europa (04h05), os mercados operavam EM SUAVE ALTA. DAX avançando 0,08%, FTSE 100 0,28%, CAC 40 +0,14% e Eurostoxx50 +0,04%.

Sobre o balanço corporativo, se encerra a divulgação das empresas com ações listadas na B3. Nesta segunda-feira, os destaques são Méliuz (CASH3), IRB (IRBR3), Cemig (CMIG4) e Ambipar (AMBP3). Nos EUA, Walmart, Target, Macy’s, Lowe’s, Home Depot, Ross Stores, TJX e Bath and Body Works.

Na agenda desta semana

Agenda Semanal

 
2ª feira (16) PIB (Q2) (Japão); Produção Industrial (Jul) (China); Produção Industrial (Jun) (Japão); Boletim Focus (Brasil); Índice Empire State de Ativ. Industrial (EUA).
3ª feira (17) Taxa de Desemprego (Jun) (Reino Unido); PIB (Q2) (Euro); Núcleo de Vendas no Varejo e Vendas no Varejo (Jul) (EUA); Produção Industrial (Jul) (EUA); Leilão TN: NTN-B; Balança Comercial (Jul) (Japão).
4ª feira (18) IPP e IPC (Jul) (Reino Unido); IPC (Jul) (Euro); Rolagem de Índice – Q21 p/ V21 e Exercício Opções do IBOVESPA (Brasil); Construção de Novas Casas (Jul) (EUA); Licenças de Construção (Jul) (EUA); Estoques de Petróleo em Cushing; Leilão de títulos de 20 anos (EUA); Fluxo Cambial Estrangeiro (BRASIL); Ata da Reunião do FOMC (EUA).
5ª feira (19) Índ Atividade Ind Fed Filadélfia (EUA); Pedidos Iniciais Seguro-Desemprego (EUA); Leilão TN: LFT, NTN-F, LTN (Brasil); Taxa Preferencial de Empréstimo do BPC (China); Arrecadação Federal (Julho) (Brasil).
6ª feira (20) IPP (Jul) (Alemanha); Vendas no Varejo (Jul) (Reino Unido); Núcleo de Vendas no Varejo (Jul) (Reino Unido); Exercício Opções – Séries H e T (Brasil); Contagem Sondas Baker Hughes; Índice de Evolução de Emprego do CAGED (Brasil).

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno

Nota

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