Pandora Papers
Iniciamos a primeira semana de outubro, quarto trimestre deste ano, no Brasil, com os mercados sobressaltados neste novo escândalo, “Pandora papers”. Dois personagens parecem na alça de mira, por terem contas em paraísos fiscais e empresas offshores ativas: Paulo Guedes, ministro da Economia, e Roberto Campos Neto, presidente do Bacen. Nada contra se ambos declararem as movimentações nestas contas. Na agenda, destaque para o relatório de empregos dos EUA (Payroll e taxa de desemprego) de setembro, reunião da OPEP+, eventos públicos com discursos de membros do FOMC e BCE, e no Brasil, o IPCA de setembro sexta-feira. Na China, semana de feriado até quinta-feira.
1. Tesouro em rota de colisão com o staff político do governo. Encurralado por pressões políticas, Bruno Funchal, secretário especial do Orçamento e do Tesouro, já disse que não irá prorrogar o auxílio emergencial até abril do ano que vem, nem irá acochambrar o teto dos gastos. Disse que não assinará nada a este respeito. Nesta “queda de braço”, não nos parece que Funchal saia vencedor. Deve pedir o boné por estes próximos dias, visto que a pressão do staff político do governo, pela prorrogação da PEC dos precatórios e pelo auxilio emergencial até o ano que vem, só deve crescer.
2. Em paralelo, Paulo Guedes, depois de ter elevado o IOF até o final deste ano, trabalha agora com a hipótese de aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para outros setores, além das instituições financeiras. Um segmento visado deve ser o de produtores de commodities.
3. Pandora papers. Um escândalo estourou neste fim de semana, depois de uma profunda investigação de uma central internacional de jornalistas, com 11,9 milhões de documentos, entre 1990 a 2019. Descobriu-se que Paulo Guedes e Roberto Campos Neto possuem contas no exterior, em paraísos fiscais e offshores ativas. Nada contra, se eles declararem isso na Receita e não tiverem movimentado estes recursos, durante o mandato atual do presidente Bolsonaro. Caso contrário…
4. Em paralelo. Importante, no entanto, que se investigue também os ministros do STF, se possuem contas no exterior e se são declaradas, assim como os grandes empresários e empreiteiros deste país, todas as grandes figuras do “circo político” de Brasília, desde Jair Bolsonaro, os filhos, passando pelos 512 deputados, 81 senadores, servidores públicos, juízes nas várias instâncias do judiciário, partidos envolvidos com a Lava jato, principalmente, entre os quadros do PT.
O que se descobrir não será nada bom. Aliás, vai faltar cadeia…Investigação seletiva, por interesses políticos eleitorais, não é algo legal.
5. Na China, a bolsa de Hong Kong teve de ser interrompida, tal o “mergulho” dos papéis da Evergrande e Evergrande Property Services. Uma boa notícia foi a de que a incorporadora Hopson Development, listada em Hong Kong, planejaria adquirir 51% da Evengrande Real Estate. Em paralelo, várias cidades da China, inclusive Pequim, estão pedindo medidas de economia de energia, como luzes de ruas apagadas, prédios oficiais usando luz natural sempre que possível, etc.
No mercado, as expectativas são de que o mercado imobiliário chinês comece a se recuperar no início deste mês de outubro. As vendas fracas do setor em setembro devem evitar um aperto adicional da política monetária, melhorando o astral dos investidores. Estes, no entanto, terão que esperar pela reunião do Politiburo do PCC em novembro para terem uma leitura mais clara da situação.
MERCADOS
Os mercados deram uma trégua na volatilidade na sexta-feira (dia 01/10), com a perspectiva de recuperação global, ainda mais depois de descoberta de um remédio contra a Covid-19. O Ibovespa subiu 1,7%, acompanhando NY, puxado pelos bancos e Petrobras (PETR4). Já o dólar recuou bem, depois da pronta atuação do Bacen no mercado de swaps. Roberto Campos Neto, antes deste rolo do “Pandora papers”, disse que “o pico da inflação deve ser agora em setembro e que a elevação da Selic será a necessária para trazer o IPCA para a meta”. Já Paulo Guedes negou medidas populistas, mas demandou soluções para o imbróglio dos combustíveis.
Assim, o Ibovespa fechou a semana em queda (-0,34%), com os investidores preocupados com a prorrogação do Auxílio Emergencial e o novo Auxílio Brasil, a ser criado, mas dependente dos precatórios e da reforma do IR. Na sexta-feira o mercado operou em boa alta, +1,73%, a 112.900 pontos. Já o dólar fechou o dia desvalorizando forte, 1,47%, a R$ 5,369.
Nesta madrugada do dia 04/10, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em QUEDA. DAX (Alemanha) recuando 0,72%, a 15.046 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,26%, a 7.008 pontos; CAC 40 (França), -0,64%, a 6.475 pontos, e EuroStoxx50 -0,65%, a 4.008 pontos.
Nesta madrugada do dia 04/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram sem uma direção definida, pela ausência da China. Nikkei (Japão) recuando 1,13%, a 28.444 pontos; S&P/ASX (Austrália), +1,29%, a 7.278 pontos; Kospi (Coreia), -1,62%, a 3.019 pontos, e Hang Seng (Hong Kong), -2,44%, a 23.975.
Nos EUA, na sexta-feira, as bolsas de Wall Street subiram com ações sensíveis à reabertura da economia desempenhando bem, depois da notícia do remédio contra a Covid-19, mas ainda terminaram no vermelho devido à inflação, crises na China com a Evergrande e o impasse do orçamento e o risco de shutdown. A bolsa Dow Jones fechou a sexta-feira em alta de 1,43%, S&P500 +1,15% e Nasdaq +0,70%. Na semana, ambas caíram, respectivamente, 1,36%, 2,21% e 3,51%.
No futuro as bolsas operavam com perdas neste 04/10: Dow Jones recuando 0,36%, a 34.043 pontos, S&P 500, -0,45%, a 4.324 pontos, e Nasdaq -0,58%, a 14.706 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 0,68%, a 0,2658, US 10Y +0,70%, a 1,477 e US 30Y, +0,83%, a 2,057. No DXY, o dólar -0,11%, a 93,942, e risco país, CDS 5 ANOS, a 202,1 pontos. Petróleo WTI, a US$ 75,83 (-0,07%) e Petróleo Brent US$ 79,29 (+0,01%). Gás Natural em alta de 2,71%, a US$ 5,771.
Na agenda desta semana, atenção para os dados de emprego dos EUA, com o payroll de setembro. Teremos também os índices dos gerentes de compra, os PMIs, do setor de serviços da China, Europa e EUA. O mercado chinês permanecerá fechado até quinta-feira, por conta do aniversário da Revolução Chinesa. No Brasil, o IBGE divulgará os dados da indústria (PIM) e das vendas de agosto (PMC). Teremos também o IPCA de setembro. A Opep e seus aliados se reúnem e devem definir a ampliação da produção, evitando a atual trajetória de alta dos barris.