CPI da Covid e dosagem do Fed em destaque na semana
É a última semana do mês (na próxima segunda-feira (31/05) tem feriado nos EUA – Memorial Day). No Brasil, seguem os debates em torno da CPI da Covid, ainda mais depois da “carreata de motos” no Rio de Janeiro neste fim de semana. A aparição do general Eduardo Pazuello, em palanque e sem máscara, não pegou bem e muitos querem uma nova acareação na CPI. Nesta semana, ainda teremos a Dra Mayra Sampaio (conhecida também como capitã Cloroquina) e outros quadros do Ministério da Saúde.
Teremos também a retomada das discussões em torno da reforma administrativa nesta terça-feira e a tramitação da MP da Eletrobras (ELET3) no Senado. Seu prazo de aprovação vence no dia 22 de junho, quando perde validade. A Câmara aprovou este texto principal, na semana passada, em votação relativamente “folgada”, 313 a 166. O projeto aprovado, no entanto, ainda suscita muitas discussões, pois defende até a criação de mais uma estatal para administrar algumas termoelétricas, atendendo a interesses paroquiais dos deputados, e a Itaipu. Muito se comenta que da forma como a MP vem sendo “costurada”, o aumento do custo de energia acabará inevitável. Previsões indicam um aumento no custo em torno de R$ 20 bilhões ao ano. Se vendida a estatal, previsões indicam um caixa de R$ 25 bilhões para o Tesouro e de R$ 25 bilhões para um fundo energético a evitar apagões.
O fato concreto é que pela configuração atual da estatal, sua capacidade de investimento na ampliação da malha de energia é quase nula. Não é um debate ideológico, mas técnico.
Nos EUA, seguem outros debates, cada vez mais no limite, entre os que defendem o início do ciclo de aperto monetário e os, mais em linha com Jerome Powell, que preferem aguardar mais um pouco. Comenta-se que a retirada dos estímulos acontece até dezembro e o início da elevação de juro só em 2023.
A reforçar o primeiro bloco, o ritmo da economia, mais intenso do que o esperado, e a inflação, pela reabertura da economia. Nos dados de maio, o PMI de serviços e indústria, veio em 70,1 pontos, bem acima do esperado; já o PMI composto passou de 63,5 em abril para 68,1 em maio, maior nível da série histórica. Ou seja, a economia norte-americana segue “rodando” num ritmo forte e a inflação pode estar à espreita.
Dentre os diretores do Fed, Patrick Harker, com direito à voto, acha que o debate sobre a redução das compras de ativos deve ocorrer “antes cedo do que tarde”, mesma opinião de Roberto Kaplan, do Fed de Dallas, defendendo a redução dos estímulos “antes que seja tarde”. Ele defende um ajuste monetário gradual, não abrupto. Já Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, acha que é preciso observar se a inflação atual é transitória ou não. Nesta toada, o índice dólar (DXY), medidor da moeda norte-americana contra seis rivais, se valorizou na sexta-feira, a 90,017 pontos. Em maio a desvalorização é de 1,4%.
Falando dos mercados, a perspectiva é de alta para o índice Bovespa nesta semana, em pesquisa do Broadcast. Cerca de 69,2% acreditam em alta, enquanto que 15,4% queda, o mesmo para os que acreditam na estabilidade. Nesta semana, o dólar deve se manter valorizado, as commodities minerais em baixa, e atenção no Brasil para o IPCA-15 e o IGP-M de maio, a definirem a trajetória do mercado futuro de juro. Na sexta-feira passada o Ibovespa fechou próximo da estabilidade, -0,09%, a 122592 pontos, com volume de R$ 36,5 bilhões. Na semana passada a bolsa paulistana acumula uma alta de 0,58%, no mês 3,1% e no ano 3,0%.
Já o dólar se valorizou 1,4% na sexta-feira passada, a R$ 5,35, acumulando 1,5% na semana. Mesmo assim, os investidores estrangeiros em posição comprada seguem recuando. Eram US$ 28,5 bi, passaram a US$ 27,5 bi. Difícil dizer para onde vai o dólar, contra o real, neste momento, pois, além das pressões de alguns diretores por aperto mais cedo, ainda temos um ambiente político doméstico bem complicado e um espaço fiscal estreito. Comenta-se que o piso neste ano estaria em R$ 5,20. Preferimos apostar entre R$ 5,30 e R$ 5,40 por dólar.
Na agenda de indicadores, na terça-feira temos o IPCA-15, com previsão em torno de 0,4%, ainda impactado pelas commodities, mais menos pelo câmbio valorizado. Devemos olhar também para as declarações dos diretores do FED, sempre atento se votam ou não no FOMC e se seus pronunciamentos quanto ao que estão falando no contexto atual (hawkish ou dovish), quanto ao tapering (redução dos estímulos monetários) e a percepção da inflação. Na quinta-feira, agenda cheia nos EUA e no Brasil e na sexta mais dados relativos à inflação do Brasil, IGP-M de maio, e PCE, muito usado pelo Fed para balizar sua política de juro. Estejamos atentos também aos dados fiscais de abril no Brasil e de mercado de trabalho.
Por fim, estejamos atentos às moedas virtuais, já que o bitcoin segue derretendo. Depois de chegar a US$ 64 mil em abril, encerrou a semana passada cotada a US$ 37,3 mil, numa queda de 42% desde seu auge. Se o comportamento do ativo nas últimas semanas decepciona e preocupa investidores e “mineradores”, ambientalistas comemoram. Há alguns anos, a bitcoin passou a ser apontado como vilão do meio ambiente.
Os riscos em operar com esta moeda ganhou ainda mais os holofotes após o bilionário Elon Musk afirmar que sua montadora de veículos elétricos, a Tesla, não aceitaria mais bitcoin como forma de pagamento, devido ao potencial danoso da moeda.
No começo do ano, porém, a empresa anunciou ter investido US$ 1,5 bilhão em bitcoin, o que pressionou o preço do ativo para cima. O dano causado por criptomoedas ao ambiente ocorre porque elas demandam grande volume de energia para existir. Um indicador desenvolvido pela Universidade de Cambridge aponta que a moeda bitcoin consome, por ano, quase o mesmo volume que a Argentina inteira.
Segundo outro indicador – o Bitcoin Energy Consumption Index, ou índice de consumo de energia do bitcoin –, o gasto estaria no mesmo patamar do da Holanda.
A produção de bitcoins é feita por computadores que realizam cálculos matemáticos de alta complexidade. Esses computadores estão ligados a uma espécie de rede paralela na web. Tudo isso foi desenvolvido em 2009 por um programador anônimo de computação. Ele estabeleceu em seus códigos computadorizados que, a cada dez minutos, o software do bitcoin lança uma equação matemática diferente na internet. O computador que desvendar primeiro a fórmula é recompensado com um lote de 6,25 bitcoins. Hoje, um lote desses vale US$ 233 mil, ou R$ 1,2 milhão.
Boa semana e bons negócios!
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