João Canhada

Dos Ordinals aos Runes: como o Bitcoin está se desenvolvendo tecnologicamente

Agora o Bitcoin tem dois protocolos novos… E a gente com isso? Bom, vamos dar uma olhadinha no retrovisor?

Há algumas semanas, vimos a ativação do halving do Bitcoin. Enquanto boa parte do mercado estava eufórica esperando que a criptomoeda tivesse um salto expressivo de preços, outra fatia queria mesmo saber como seria a implementação do protocolo Runes na blockchain. Eu, claro, estava entre esses dois grupos!

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Mas isso me fez lembrar de que, no ano passado, mais precisamente em junho, eu escrevi uma coluna aqui para a Suno, defendendo o desenvolvimento tecnológico da blockchain do Bitcoin. Mas por que defendendo? Simplesmente porque o surgimento dos Ordinals havia congestionado a rede, levando a taxas cada vez mais caras e transações bastante lentas no período.

Na época, muita gente pedindo o fim dos Ordinals, que para mim era loucura – e continua sendo. Afinal, apesar de não ser o melhor modelo de todos, era um passo que, até então, o Bitcoin nunca havia conseguido dar. E fato é que isso permitiu um novo salto tecnológico, desta vez, com os Runes.

Este pode não ser o modelo ideal ainda, mas um mundo novo está se abrindo!

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O que são Runes?

Os Runes são um protocolo experimental (foquem nessa informação) de token fungíveis que opera dentro da rede do Bitcoin. Isso basicamente simplifica a criação de qualquer “ativo” na plataforma.

Este modelo utiliza as chamadas UTXO (Unspent Transaction Output) da blockchain para criar tokens fungíveis, sem gerar um grande estresse na rede. Bem diferente do que acontece nos Ordinals, que vai olhar para cada satoshi (menor unidade do BTC) e inscrever alguma informação nele.

Para um exemplo talvez mais prático, imagine que você tinha uma nota de R$ 50 e pagou por um café de R$ 10. Sobraram R$ 40, certo? Este saldo que restou da compra seria seu UTXO.

Nesta situação, o protocolo Runes permite que você vá a outra loja e utilize esses R$ 40 para comprar qualquer outro produto, um par de meias, por exemplo. Bem simples, né? E é mesmo! E por isso ele vai na contramão do não menos importante Ordinals.

Para que servem os Ordinals?

Ao contrário dos Runes, os Ordinals são responsáveis por criar tokens não fungíveis na rede do Bitcoin. Ou seja, são aqueles tokens que não podem ser fracionados e apresentam uma única característica. Não à toa, eles são chamados de NFTs do BTC.

Na perspectiva prática, pegue aquele troco que você recebeu ao pagar pelo seu café. Sim, os R$ 40. Para o processo dos Ordinals, é como se ele não conseguisse usar esse dinheiro em outra loja. A não ser que ele quebrasse esse montante em 4 mil moedas de R$ 0,01. E, aí sim, a partir dessas pequenas frações, ele consegue criar utilidade.

Então, na contramão dos Runes, há etapas técnicas a mais para a geração de Ordinals. Isso quer dizer que este é um protocolo ruim? Não! Ele só apresenta uma característica e função completamente diferente do que os Ordinals.

Mas e agora?

Legal! Agora o Bitcoin tem dois protocolos novos… E a gente com isso? Bom, vamos dar uma olhadinha no retrovisor? A história do Bitcoin nasce em um momento de crise financeira muito grande no mundo, mas principalmente nos Estados Unidos. Muitas empresas quebraram, e pessoas perderam empregos e economias de uma vida.

Eis que surge o Bitcoin como um dinheiro descentralizado. E sua proposta sempre foi muito clara: ser uma unidade monetária que não tenha interferência de empresas e governo e possa ser usada tanto para transferências como reservas de valor.

Então, entenda que a blockchain do Bitcoin sempre foi capaz de criar smart contracts, NFTs, protocolos DeFi e tudo mais o que quisesse. Porém, da pior maneira possível. Como esta não é sua intenção tecnológica, a blockchain do Bitcoin especificamente é, até hoje, ineficiente para criar essas soluções, tornando tudo muito caro e lento, em comparação com outras redes, como Ethereum e Solana.

Mas e se a maior e mais segura blockchain do mundo criasse novos protocolos para promover um ambiente de desenvolvimento tecnológico ainda maior, permitindo todas essas soluções de contratos inteligentes e tokenização? Tipo um Ordinals e Runes? Isso! Algo exatamente assim!

Pois é! Esta é a vantagem que estes dois protocolos estão trazendo a uma rede que, apesar de inovadora, ainda é bastante engessada!

Então, o Bitcoin vai dominar a tecnologia?

Calma, gente! Como comentei anteriormente aqui, tanto os Ordinals quanto os Runes são protocolos EXPERIMENTAIS. Então, eles ainda não passam de “brincadeiras” técnicas que estão rodando dentro de uma plataforma descentralizada que permite isso.

Runes e Ordinals estão longe de serem as melhores soluções para essa rigidez do Bitcoin. Não à toa, a maioria das criações até agora são compostas simplesmente por memecoins, indicando que nem mesmo quem desenvolve novas tecnologias sabe muito bem o que fazer com este novo modelo de protocolo.

Mas fato é que os odiados Ordinals do ano passado permitiram o desenvolvimento dos “nem tão odiados” Runes. E que, como vocês viram, já é um avanço técnico impressionante. Portanto, o que mais estaria por vir?

Assim como falei na coluna de junho do ano passado, repito: Não interrompam o desenvolvimento tecnológico!

Para além do que isso pode impactar o preço do seu token, observe o que está por trás deste movimento e o que ele pode trazer como consequência. Mudar dói. Não mudar é confortável. Mas o que seria de nós, da nossa sociedade, do nosso sistema financeiro e investimentos, se não fossem essas chacoalhadas que a vida nos dá.

Então, viva os Ordinals, viva os Runes e viva o desenvolvimento tecnológico do Bitcoin para que tenhamos acesso a uma rede cada vez mais completa e mais opções para ingressar nossas soluções!

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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