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João Canhada
João Canhada
Criptomoedas: . Foto: Pixabay

Criptomoedas: . Foto: Pixabay

“Etheriunização” do Bitcoin pode mudar tudo o que sabemos do mercado de criptomoedas

Quase 15 anos se passaram desde seu lançamento, e o Bitcoin (BTC) segue sendo a criptomoeda mais valiosa e popular do mundo. Mesmo assim, ela não é a mais eficiente de todas, o que levou o surgimento de diversas outras blockchains, como Ethereum (ETH), Cardano (ADA), Chainlink (LINK) e por aí vai. Porém, essas redes, embora mais “produtivas” em questão de smart contracts e aplicativos descentralizados (dApps), ainda apresentam dificuldades em ter descentralização, segurança e escalabilidade, sem que isso custe muito caro ou acarrete uma grande lentidão.

É aí que o mercado de criptomoedas se renova e inova mais uma vez, com soluções de segunda camada (layer-2) e blockchains modulares. O grande beneficiário desta “brincadeira” tem sido o Ethereum, considerada a segunda maior rede atualmente.

Porém em um mundo que colocaram a Solana (SOL) como um “Ethereum Killer”, estas mesmas tecnologias, agora, se voltam ao Bitcoin, podendo aumentar ainda mais o poderio da principal criptomoeda do mundo e simplesmente mudar o ritmo da tendência atual dos desenvolvimentos.

Soluções de Layer-2

Há uma grande hype em cima das chamadas soluções de layer-2. Basicamente, elas operam como tecnologias secundárias, compatíveis com blockchains tradicionais, para promover escalabilidade, sem comprometer a segurança das informações.

Em outras palavras, imagine que estou em São Paulo, na via principal da marginal Pinheiros. Conforme o fluxo de carros aumenta, há maior lentidão e engarrafamento de carros, tornando o trânsito muito mais lento. Já as vias laterais, permitem aumentar o fluxo de veículos – não que isso elimine hoje o problema da capital paulista –, mantendo as mesmas leis de aos condutores, como limite de velocidade e fiscalização. Então, é possível dar mais vazão aos automóveis, sem perder a segurança legal. E é isso que as soluções de layer-2 fazem!

Se na Ethereum, a gente tem Arbitrum (ARB) e Optimism (OP) disponíveis hoje – e tantas outras –, o Bitcoin conta com a Lightning Network. Todas essas soluções criam canais paralelos que permitem que os pagamentos sejam feitos nessas soluções, antes de serem inseridas na rede principal.

Uma nova era das blockchains

Outra inovação interessante que tem surgido são as blockchains modulares. Elas tendem a ser mais flexíveis do que as chamadas blockchains monolíticas. Por quê? Pense que o modelo monolítico coloca o minerador ou validador da rede para fazer diversas funções ao mesmo tempo, como verificação das informações, armazenamento de histórico e por aí vai. Já no ambiente modular, cada node executa uma única atividade, o que deve aliviar a carga na blockchain e tornar os processos mais rápidos.

Este cenário, então, nos mostra que o Ethereum se beneficia das soluções de layer-2 para se manter no topo da cadeia alimentar do desenvolvimento de smart contracts, dApps e tudo o que envolve também a Web 3. Porém, os concorrentes, como a própria Solana, estão se desenvolvendo muito rapidamente e, agora, o ETH encontrou mais um “big player” – que até então era inédito neste quesito – para bater nele: o Bitcoin.

Bitcoin: um novo gigante

No ano passado, eu publiquei aqui um texto sobre os Ordinals, um novo tipo de token disponível na rede do Bitcoin para que desenvolvedores pudessem emitir tokens não fungíveis (NFTs). Até por isso, seu nome “técnico” virou BRC-20, em alusão ao tradicional e muito utilizado ERC-20 do Ethereum.

Na época, lembro de comentar que boa parte da comunidade cripto criticou bastante esta tecnologia, dizendo que ela mataria o Bitcoin, já que sua facilidade de ser emitido criou um congestionamento na blockchain, tornando as transações muito mais lentas e caras. Apesar disso, citei o quanto este desenvolvimento tecnológico era importante para o ecossistema do BTC… E cá estamos! Não estou me gabando disso, mas mandem biscoitos!

Brincadeiras à parte, a tecnologia das criptomoedas é muito ampla. E olhar somente para um recorte histórico ou um evento específico pode não ser capaz de traduzir os efeitos que aquela ação pode ter no mercado.

O que vemos, hoje, é que os Ordinals abriram um espaço gigantesco para que os builders encontrassem uma maneira de “etherionizar” o Bitcoin. Ou seja, tornar a rede eficiente também para o desenvolvimento de smart concrats, dApps e Web 3. Tudo isso, simplesmente, na maior blockchain do mundo.

A imagem mostra um ecossistema extremamente abrangente em que o Bitcoin deixa de ser apenas um ativo e volta a ser olhado como um celeiro de novas tecnologias. E grandes players, como Messari, HashDex e Nansen destacaram este processo em seus relatórios, apontando a chegada dessas inovações.

Conforme as rollups e BVM (Bitcoin Virtual Machine) se desenvolvem, aumentam as expectativas de o que a blockchain do Bitcoin pode fazer. E aqui estamos ultrapassando os “simples” NFTs gerados por Ordinals. Isto pode levar a criação de diversos produtos de finanças descentralizadas (DeFi), por exemplo, a partir da interoperabilidade com outras redes. A Celestia (TIA) é uma delas! As exchanges tradicionais e emissoras de stablecoins, como o Tether, podem simplesmente gerar seus tokens, agora, a partir do Bitcoin.

A “etheriunização” do Bitcoin pode balançar as estruturas do mercado de criptomoedas. E isso vale tanto para a tecnologia, quanto para os próprios preços dos ativos. É bom destacar que estas são perspectivas para todo este ano, e depende de um engajamento e discussão entre a comunidade e programadores. Mas fato é que quando olhamos para este setor, ainda há muita coisa o que se criar, vivemos apenas na pontinha o icerberg chamado criptomoedas.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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