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João Canhada
João Canhada

CBDC ou Bitcoin: a liberdade que não tem preço

Muitas pessoas me perguntam o que será do Bitcoin e das criptomoedas quando a moeda digital do Banco Central lançar. Minha resposta geralmente passa por outra rede de pagamentos, a dos cartões de crédito, que por incrível que pareça se assemelha muito à do bitcoin.

Em 1950 o empresário Frank McNamara saiu para jantar em um restaurante, mas chegando lá acabou percebendo ter deixado a carteira em casa. Quem nunca? Contudo, ao invés de ficar bravo, ele e Ralph Schneider pensaram em uma solução. Daí nascia o Diners Club, o primeiro cartão de crédito do mundo.

O sistema era simples: o restaurante anotava as refeições dos clientes e mandava a conta no final do mês para a Diners Club, que por sua vez cobrava os clientes ganhando uma pequena taxa.

A ideia chegou aos bancos e o American Express lançou em 1958 seu primeiro cartão, seguido pelo Bank of America com o Visa e pela Associação Entre Bancos, atual Mastercard.

Entretanto, por boa parte da vida dos cartões de crédito o sistema por trás era extremamente rudimentar. O processo inteiro de compra e aprovação de crédito poderia demorar 15 minutos, com a necessidade de assinaturas, envio de fax, cópia de assinatura e diversos outros requisitos.

Só em 1960 nasceu o cartão de crédito com tarja magnética, graças ao engenheiro da IBM Forrest Parry e sua esposa. Com o desenvolvimento de redes computacionais rápidas, o cartão de crédito virou esse meio quase essencial de hoje.

Mas na sua “pré-histórica” era comum vermos airdrops de cartões, memes sobre cartão ser dinheiro, grandes tempos de espera e muitas fraudes. Isso te lembra algum mercado?

O mercado de criptomoedas se assemelha muito ao de cartões de crédito, tanto na sua forma quanto na proposta de valor. Atualmente pode ser complexo para alguns fazer transações de bitcoin, mas também era no começo da era dos cartões. Sobre a proposta de valor, com o Diners Club você ganhava liberdade para ir almoçar e simplesmente esquecer o dinheiro em casa, com o bitcoin sua liberdade é muito maior.

O que a CBDC nunca terá, uma lição da Mastercard

A criptomoeda inventada por Satoshi Nakamoto permite guardar bilhões de dólares em ativos digitais com apenas 12 palavras, que geram as chaves criptográficas. Se com o Diners você precisava de um cartão, com o Bitcoin você só precisa da sua mente.

Entretanto, a principal liberdade está em se distanciar das decisões de burocratas e políticos. O bitcoiner não é mais refém do partido que está no poder – ele é soberano sobre o próprio dinheiro.

Essa é a vantagem do bitcoin e é por isso que nenhuma CBDC conseguirá competir no âmbito da liberdade. O mercado de criptomoedas só tende a crescer conforme a necessidade de se distanciar do leviatã aumenta.

Nesse sentido vou parafrasear a propaganda de uma famosa rede de cartão de crédito: “Bitcoin? R$ 142.000,00; ether? R$ 8.500,00; liberdade? Não tem preço”.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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