A inversão da curva de juros
O mercado financeiro nos últimos anos vive uma grande novela com dois personagens principais: Juros e Inflação. “Inimigos” comuns nas economias emergentes, fazendo parte do dia a dia, e quase que exóticos nas chamadas economias de primeiro mundo. Só que o advento da pandemia trouxe todo o mundo para o mesmo calabouço, de onde só se sai vivo após enfrentar o dragão da Inflação.
A ponta de lança para vencer esse monstro terrível que corrói o poder de compra da população, deixando a todos mais pobres, e em muitos casos desacelerando a economia, em razão do menor apetite e capital disponível para o consumo, são os juros, antídoto amargo, que reduz o crédito na economia, e pressiona os endividados.
O Banco Central brasileiro, personificado na figura do seu presidente, o Roberto Campos Neto, o qual deu aula para os demais presidentes de bancos centrais, por já ter larga experiência com o processo inflacionário no Brasil, iniciou o aperto monetário muito antes dos países desenvolvidos, enquanto todos achavam que a inflação não seria persistente e muito menos que geraria inflação. Foi quando saímos de um patamar de 2% em 2021, para os atuais 13,75%, tudo isso da forma mais organizada possível.
Enquanto o governo e a sua bancada parlamentar pedem o corte de juros de forma imediata para que a economia continue crescendo e empregos continuem sendo gerados, desconsiderando totalmente o dragão da inflação, que nos incomoda desde a pandemia, o Roberto Campos Neto falou que o “time político é diferente do time técnico”, e é isso que o Copom busca ser em cada reunião, e em cada ata anunciada, técnico.
O discurso uníssono nos últimos meses dos principais presidentes dos bancos centrais têm sido de que o patamar atual de juros deve se manter por mais tempo e, quiçá, novas altas sejam necessárias, pois todos consideram que a inflação não está controlada. Só que nas últimas semanas já foi possível observar uma luz no fim do túnel sobre um possível corte de juros ainda esse ano.
A grande questão é como isso impacta os seus investimentos?
Por causa do nível de liquidez a que o mundo foi exposto com a injeção de dinheiro por parte dos bancos centrais durante a pandemia, ele nunca esteve tão líquido, e boa parte desse dinheiro que hoje está, em sua grande maioria, nos títulos da dívida americana, em renda fixa global, e opções mais conservadoras, deve aos poucos migrar para os ativos de risco com o simples sinal da inversão da curva de juros.
Esse movimento deve fazer ativos como ações, fundos imobiliários e criptoativos voltarem a boa performance do pré-crise, sem cravar para o exato patamar daquela época, mas a Bolsa provavelmente vai ter o gatilho que espera desde de 2020 para se recuperar e continuar a sua histórica performance de alta mais consistente e sair da lateralização atual.
Apesar do momento mais desafiador, inflação alta e juros altos, as economias se desenvolveram, as empresas continuaram inovando e expandido as suas linhas de negócios, buscando novas fronteiras de expansão, a fim de reduzir a dependência da China, o que de modo geral nos traz um mundo, economicamente falando, um pouco melhor, com empresas melhores e que ainda não viram essa melhora refletida no preço das cotações em Bolsa de Valores.
No mundo dos investimentos é muito factível a busca pelo valor justo do ativo, e por mais que o analista crave o valor exato dele, não tem como se garantir o tempo em que ele chegará nesse sonhado “valor justo”, o que gera impaciência e descrença em muitos investidores.
Nesse cenário em que a inversão da curva de juros é muito importante, pois ela é um relevante “gatilho” de alta no mercado, a simples iminência já faz o mercado todo ser “reprecificado”.
Óbvio que o intuito de se acompanhar a curva de juros não é o de se acertar o time exato, mas de tentar surfar uma boa maré de alta pensando no médio e no longo prazo, pois na maior parte do tempo o mercado fica de lado como agora, e no caso atual, a preços atrativos. E são momentos como esse que ajudam a agregar uma boa taxa de retorno na carteira do investidor através de bons ativos de risco, pois as variáveis passam a jogar “ao seu favor”. Menos juros e mais Bolsa de Valores pode ser a nova pedida para 2023.
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