Crise a caminho
A pandemia da Covid-19 trouxe a crise mais rápida da história em 2020, com as Bolsas de Valores caindo mais de 40% em relação às suas máximas, sendo que em uma crise normal esse movimento ocorre ao longo de dois anos.
Esse contexto assustou muitos investidores que estavam bastante comprados, além de alavancados, e que tiveram que vender suas posições às pressas, a fim de reduzirem ou evitarem as perdas.
Fato esse que demandou a medida enérgica dos principais Bancos Centrais do mundo, que viram a economia “fechar”, e que para evitar um colapso do sistema econômico, dos negócios, além das famílias, gerando assim desemprego, fome, e miséria, precisaram injetar estímulos financeiros nunca antes vistos para apoiar a economia. Sem dúvida, foi o que salvou o mundo de uma crise ainda maior. Só que agora essa política econômica está cobrando o seu preço através do aumento da inflação e da alta de juros.
Não vamos discutir se o nível de estímulos foi excessivo, pois era o que o mundo precisava para não desligar o motor do capitalismo, inclusive a velocidade de reação dos bancos centrais ajudou a salvar a economia, diferente da crise do “subprime” em 2008, que acabou sendo acelerada pela morosidade na tomada de decisão.
O resultado dessa política econômica acabou sendo inflação e taxa de juros acima dos dois dígitos no Brasil, inflação em 2021 de 10,15%, com a taxa Selic hoje em 13,75% a.a. Nos EUA e na Europa, inflação acima de 7% e taxas de juros subindo a cada reunião dos Bancos Centrais.
Na prática, o consumidor está perdendo poder de compra ano após ano e teve esse efeito agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez o preço do petróleo disparar, encarecendo ainda mais o custo dos combustíveis e dos alimentos.
Inclusive, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou as previsões de crescimento global alertando que os riscos negativos da inflação alta e da guerra na Ucrânia podem levar a economia mundial à beira da recessão se não forem controlados. O crescimento do PIB real global desacelerará para 3,2% em 2022, segundo o FMI, em comparação a uma previsão de 3,6% divulgada em abril.
O “movimento de manada” que se viu nos principais ativos do mercado financeiro como ações, fundos imobiliários, e ETF’s ocorreu em mercados mais voláteis como criptomoedas e NFT’s, ambos frutos do excesso de dinheiro nos mercados, que pela lógica da oferta e da demanda, se valorizaram além do que em tese poderiam valer, ficando caros, e pegando os investidores mais desavisados para pagarem a conta. Como em toda boa festa, o último apaga a luz.
A recessão no Brasil e no mundo deixou de ser uma questão de “e se”, e passou a ser uma questão de “quando”. Muitos acreditam que será ao fim de 2022 ou no decorrer de 2023, pois só com juros altos, crescimento do desemprego e desaceleração econômica será possível controlar a inflação atual para que aí sim os países coloquem a Economia novamente nos trilhos. Enquanto isso, vamos ficar patinando entre juros e inflação elevados por mais tempo no mundo.
Dito isso, é hora de apertar os cintos, ser mais prudente nas alocações no mercado financeiro e também na economia real, pois assim o investidor poderá aproveitar eventuais oportunidades que possam surgir ao longo do caminho e evitar grandes perdas em caso de recessão.
Como toda crise, essa que está a caminho deve passar e as economias, assim como a sociedade, sairão fortalecidas de todo esse processo, provavelmente entrando em um novo período de expansão econômica. Só precisamos fazer a leitura correta de mercado e não sermos pegos na contramão, de “calças curtas”. Isso ajudará o investidor a respeitar a regra mais importante do mercado, segundo Warren Buffett: “Não perder dinheiro”.
Sorte é quando o preparo encontra a oportunidade, então prepare-se para fazer bons negócios, assim como bons investimentos nesses próximos meses que prometem ser bem adversos. A crise está a caminho! Prepare-se e aproveite essa que pode ser uma excelente oportunidade para quem estiver preparado.