Três cenários para o final de 2021
Ainda restam pouco mais de quatro meses para o final de 2021, um ano que começou sem muitas esperanças para o brasileiro, mas que pode ter um fechamento positivo. Seguem abaixo três hipóteses de cenários para trabalhar neste final de ano. Um moderado, um otimista e um pessimista.
Importante frisar que 2022 estará bem contaminado pelo debate eleitoral, logo essa estratégia deve visar apenas o final do ano.
Iniciando pelo quadro moderado. Trabalhamos com um crescimento econômico de 5,5%, uma Selic terminal de 7,75% a.a., um IPCA em 7%, um câmbio em USDBRL 5,00 e um Ibovespa em 138.000 pontos até o final do ano.
Sobre o desempenho econômico brasileiro, a lógica é seguir a tendência global e surpreender. Em janeiro, o consenso do mercado era um crescimento de 3,5%. Existia muita desconfiança sobre a
chegada das vacinas e a força de reação da economia. Ainda era incerto a recuperação da confiança dos empresários e consumidores. Além de não estar oficializado o prolongamento do auxílio emergencial.
Sobre o IPCA e a taxa Selic, observamos uma cadeia de produção mais desmembrada do que aparentava estar. Com diversos produtores reclamando da falta de peças, o que junto com o alto custo de matérias primas, tem provocado o repasse de preços.
Segundo as principais sondagens da FGV, os empresários da indústria e construção pretendem seguir subindo os preços no segundo semestre. Sugerindo uma inflação pressionada, pois já estamos verificando um vetor extra que surge da crise hídrica.
O câmbio pode trazer algum alívio inflacionário, com uma tendência de valorização. Mas dada a volatilidade recente, está mais complexo cravar esse impacto. O Brasil já começa a experimentar a
reação do mercado ao processo de reabertura.
Em dias que o mercado financeiro fica mais otimista com esse movimento, o câmbio se aprecia. O cenário é que encerraremos o ano experimentando o que vemos a Europa e os Estados Unidos vivendo hoje. O câmbio se apreciaria com sinais de uma economia mais forte.
O ano segue interessante para a alocação em Renda Variável. Mesmo com o início da normalização dos juros, ainda teremos uma Selic em patamares distantes dos dois dígitos em boa parte de 2021. O que incentivará investidores institucionais a buscarem a bolsa nos próximos meses.
O quadro externo também colabora, vemos um ambiente de grande liquidez global e praticamente nenhuma sinalização de reversão em breve. A busca por ativos de mercados emergentes é algo natural em momentos assim. Com o Ibovespa ainda barato em dólar, veremos uma procura significativa por ativos brasileiros.
Caminhar para um quadro otimista, envolveria ter um controle mais rápido da pandemia, sem nenhum aumento de casos considerável até o final do ano. Uma reabertura definitiva. Podendo levar a atividade para 6,5% e o Ibovespa para 148.000 pontos. O câmbio se apreciaria mais, para USDBRL 4,80.
Em termos de IPCA e Selic, seriam necessários outros fatores extras. As cadeias produtivas se normalizam sem grandes choques, com alguma surpresa deflacionária. Isso ainda deixaria o IPCA acima do limite do teto da meta de 5,25%, encerrando o ano em 6,6%. As pressões inflacionárias se comprovando transitórias, diminuindo as projeções de 2022 levariam a um cenário benigno. Com isso o Copom pode até interromper o ciclo em 7,25%.
Por outro lado, também podemos ter um final de ano que desaponte. No caso de Selic e IPCA, se no último trimestre ainda tivermos as expectativas de 2022 pressionadas, então o BC pode realizar uma terceira alta de 1 ponto, indo para 8,25%. Um quadro pessimista.
A reabertura pode levar empresários a subirem preços para recuperar o prejuízo sofrido na pandemia. Um novo choque de alimentos assolaria os preços no final do ano, puxando os preços para 8%.
Para um quadro desfavorável no câmbio, enxergamos no exterior a maior fonte de uma possível pressão. O debate sobre a inflação americana e os estímulos monetários segue forte, dividindo os
próprios dirigentes do Banco Central Americano, o Fed. Isso poderia levar o câmbio para USDBRL 5,35.
A atividade e o Ibovespa em patamares mais baixos seriam conectados a uma situação de pandemia mais prolongada. Com reaberturas lentas diante de um patamar de casos e hospitalizações altos mesmo com o avanço das vacinas. O PIB cresceria 4,5% e o Ibovespa encerraria o ano em 120.000 pontos.
O momento mais adverso parece tornar o cenário pessimista o mais provável. No entanto, acabamos de sair de uma temporada de balanços corporativos promissora. A recuperação é visível em seus números e as projeções são maiores para o período de reabertura. O que combina com o discurso e planos de governantes para o restante de 2021.
O mesmo não é verificado em qualquer menção sobre 2022. Caso você tenha um perfil do moderado para o agressivo em diante, este pode ser o último momento promissor para adicionar risco na carteira até 2023.
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Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno
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