Retrospectiva do mercado financeiro em 2022 e perspectivas para 2023
O ano de 2022 foi desafiador para os mercados de renda variável, tanto no Brasil como no exterior. Acontecimentos como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, inflação persistente e aperto monetário global marcaram o período, que refletiram o comportamento do mercado financeiro ao longo dos últimos 12 meses.
Como foi o ano no mercado financeiro brasileiro
Na terra verde-amarela, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, terminou 2022 com uma leve alta de 4,69%; o IFIX, o índice de fundos imobiliários, após 2 anos de queda, encerrou com alta de 2,22%. O ano também foi marcado pela continuação do aumento de juros pelo Banco Central, que começou em março de 2021, quando a SELIC estava em 2% ao ano, e terminou em agosto de 2022, em 13,75% ao ano. Desde então, o Banco Central vem sinalizando que vai manter a taxa nesse patamar.
E na terra do Tio Sam ?
Nos EUA, por exemplo, vimos as maiores quedas nos mercados acionários desde 2008. Dentre os principais índices americanos, o S&P 500 caiu 19,4%, Nasdaq 32,4% e o Dow Jones 9,40%. Na mesma direção de retração, o PIB norte-americano do segundo trimestre também apresentou resultados negativos. Além disso, a inflação, medida pelo CPI, atingiu máximas de 40 anos, no valor de 9,1% no acumulado dos últimos 12 meses em julho.
Como medidas de contenção das altas inflacionárias o Fed (entidade norte-americana similar ao Banco Central do Brasil), iniciou o ciclo de alta de juros no país.
Inflação e aumento de juros
No Brasil, a variação de preços, que é medida pelo IPCA, passou por um momento de alta relevante no início do ano. Em detrimento da Guerra entre Rússia e Ucrânia em fevereiro de 2022, o mundo de maneira geral presenciou uma subida nos preços das commodities. O efeito mais direto na economia brasileira se deu no preço dos combustíveis, resultando em altas na gasolina e no diesel, principalmente nos meses posteriores ao início do conflito. Como consequência, foi observado um acumulado de 12,13% do IPCA no mês de abril, maior valor para a série do índice desde 2003.
Para conter esse avanço, o governo federal, na época, sancionou uma lei com o objetivo de isentar e limitar alguns impostos que são cobrados sobre os combustíveis. Tendo em vista que a gasolina, energia e gás representam quase 1/3 do IPCA, uma diminuição no valor desses itens causaria uma diminuição no nível dos preços. Por conta disso, nos meses subsequentes, os índices apresentaram valores negativos por 3 vezes seguidas, algo nunca visto até então.
Entretanto, a inflação não afetou apenas o Brasil e outros países também tiveram que aumentar suas taxas de juros para conter o aumento de preços. Além dos EUA, como já mencionado acima, diversos países da região europeia elevaram a taxa de juros. Como consequências de restrições energéticas impostas pela Rússia, países da zona do euro registraram recordes de inflação, ultrapassando dois dígitos.
O índice de preços da Zona do Euro, por exemplo, atingiu o valor de 10,7% em outubro, maior valor da séria histórica. Para conter essa alta de preços, o Banco Central Europeu rompeu com mais de uma década de juros negativos, em uma tentativa de frear o aumento desenfreado dos preços.
Perspectivas para 2023
A economia não é uma ciência exata, e é muito difícil prever com exatidão o que vai acontecer em 2023. Entretanto, no cenário internacional as expectativas não são das melhores.
A grande maioria das economias durante o ano de 2022 passou por um aumento de juros pelos seus respectivos Bancos Centrais. Estes utilizam dessa ação como um mecanismo para “esfriar” a economia, pois tornam os financiamentos mais caros para empresas, governo e população, desestimulando o consumo e os investimentos.
Assim, é esperado que o nível de preços das economias que adotaram essa política monetária sofra um decréscimo ao longo de 2023, por conta da diminuição no nível de atividade econômica.
No Brasil, temos a perspectiva da manutenção da taxa de juros no patamar de dois dígitos até o fim do ano. Logo, o investimento em renda fixa continua com uma boa remuneração, mas abrem espaço para boas oportunidades em renda variável. Por isso, é importante a diversificação na carteira de investimento, para conseguir aproveitar as oportunidades durante os diversos momentos da economia.