Inflação, juros e fundos de papel mais resilientes
O ano de 2021 foi marcado pela alta inflação, incertezas políticas, fiscais e, como forma de combate a estas forças, elevação da taxa básica de juros. Diante desse cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou a agenda de 2021 com a 7ª elevação consecutiva da taxa Selic, anunciando o novo patamar de 9,25% a.a. para o juro básico no país.
A combinação de inflação elevada e juros altos tende a impactar negativamente o mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FII). Entretanto, as classes de FIIs conhecidas como fundos de papel têm se apresentado como uma boa alternativa aos investidores do setor.
A principal justificativa para esse comportamento atípico, se comparado com outras classes de FII, está ancorada na estratégia de investimento desse produto. O objeto principal de aquisição dos fundos de papel são, majoritariamente, títulos indexados por CDI ou algum índice inflacionário, geralmente IPCA, mais um spread.
Considerando os dados obtidos até o encerramento de novembro/21, a indústria de FIIs captou mais de R$ 39 bi em novas ofertas, sendo os fundos de papel responsáveis por 47% desse volume, equivalente a um montante total de R$ 18,4 Bi. Ainda, em linha com o aumento da relevância desse produto diante do cenário atual, os fundos de papel passaram a representar aproximadamente 38% do IFIX, uma alta de quase 10 pontos percentuais em relação à sua participação em 2020 e mais de 15 pontos percentuais quando comparado com 2019.
Tanto pela correlação positiva entre CDI e a taxa básica de juros, quanto pelo cenário de alta inflacionária, tendo o IPCA dos últimos 12 meses acumulado 10,74% a.a. em novembro de 2021, os fundos de papel apresentaram um aumento significativo em seus dividendos, sendo atualmente uma das categorias mais rentáveis do setor. Dessa forma, essa classe tende a manter seu protagonismo ao longo de 2022 como uma boa alternativa para quem quer continuar com investimentos em FIIs e estar em um produto com a estratégia mais alinhada ao cenário macroeconômico de médio prazo.