Coronavírus ainda é um risco?
Se me dissessem alguns meses atrás que hoje a Europa estaria adotando novos lockdowns para tentar conter uma quarta onda da Covid-19 e o Brasil iniciaria a flexibilização do uso das máscaras, eu não acreditaria. Mas é o cenário que estamos presenciando atualmente: a pandemia de covid voltou ao centro das preocupações dos países europeus.
No dia 4 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta de que a Europa é novamente o epicentro da pandemia. De acordo com a OMS, a piora do continente europeu se deu pelos diferentes níveis de implementação da vacinação. Além da chegada do inverno, que favoreceu a mudança no comportamento da população.
A administração de vacinas em países do sul europeu está em cerca de 80%, mas a relutância freia a distribuição no centro e no leste da Europa e na Rússia – com aproximadamente 34% da população totalmente vacinada -, causando surtos que podem voltar a sobrecarregar os sistemas de segurança de saúde do continente.
Essa piora nos casos tem feito países voltarem a adotar medidas de isolamento social. A Áustria se tornou o primeiro país da Europa Ocidental a restabelecer o bloqueio desde que as vacinas foram lançadas, além disso, o governo austríaco anunciou que tornará obrigatório a vacinação a partir de 1º de fevereiro. A Alemanha também precisará de restrições mais rígidas, de acordo com a chanceler Angela Merkel.
A decisão tem enfurecido a população europeia, que já tinha fortes movimentos antivacina, que contribuíram para a desaceleração da vacinação no continente nos últimos meses.
Essa estabilização na proporção de vacinados, aliada ao relaxamento com uso das máscaras e retorno dos eventos e da vida “normal”, criou uma falsa sensação de fim da pandemia.
Em pouco tempo, a conta chegou. A curva de mortes é bem menor que a de casos e se concentra nos não vacinados, mas o aumento da circulação do vírus também aumenta a chance de novas variantes, o que coloca em risco também vacinados e, em última instância, a economia mundial. Logo, outros países devem aumentar as restrições para não vacinados se os casos seguirem crescendo.