Apple lança novo iPhone sem novidades. Mas por que precisaria?
A Apple (AAPL34) lançou o novo iPhone na terça-feira. É a décima terceira geração de um dos produtos de maior sucesso na história da economia. A empresa conseguiu criar uma aura em torno da marca tão grande que mesmo sem impor grandes modificações no smartphone, consegue uma receita maior com suas vendas ano após ano.
Nos três primeiros trimestres fiscais de 2021, a receita da Apple somente com o aparelho foi de US$ 153 bilhões, indicando que o ano deve ser o melhor da história, passando os US$ 166 bilhões em iPhones vendidos em 2018. Isso é cerca de 53% da receita da empresa no ano até aqui, mesmo depois que a Apple trabalhou bastante para diversificar suas fontes de faturamento. É sobre essa diversificação que quero falar nesse texto.
Em setembro de 2016, a companhia fundada por Steve Jobs lançou o AirPods. Foi uma decisão bastante criticada na época, já que os fones de ouvido deixaram de ser enviados junto com o aparelho e passaram a ser vendidos separadamente. O preço, como tudo na Apple, era acima da média do mercado. Fones de ouvido sem fio não eram comuns e houve quem duvidasse da disposição das pessoas em comprar um fone separadamente.
A decisão que parecia arriscada – imagina se para não ter que comprar fones os clientes deixassem de adquirir o smartphone – se mostrou um acerto enorme. Em 2020, foram 110 milhões unidades vendidas, com uma receita estimada de US$ 12 bilhões (a empresa não separa somente o AirPod em seu relatório trimestral), mais ou menos 5% do faturamento da empresa como um todo e mais do que outras gigantes de tecnologia, como Adobe (ADBE34), Nvidia (NVDC34), Spotify (S1PO34) e Twitter (TWTR34).
Os AirPods são somente um exemplo da estratégia de ecossistema da Apple. A facilidade de uso e dificuldade de troca por concorrentes faz com que os produtos complementares passassem a representar cada vez mais da distribuição da receita. A divisão “Wearables, home and acessories“, que inclui Airpod, Apple TV, Watch entre outros são cada vez mais relevantes para a empresa.
A estratégia chegou a virar piada após até mesmo o carregador deixar de acompanhar o iPhone depois da geração 12. Na internet, os memes diziam que os próximos iPhones teriam até a bateria vendida separadamente.
Outra área que cresce em importância é a de serviços. A taxa cobrada para a intermediação de vendas na App Store, que chega a 30%, causou uma série de processos judiciais movidos por empresas como Spotify e Epic Games, dona do jogo Fortnite, que reclamam o direito de poderem vender por meio de seu próprio site, o que seria contra as políticas da loja de aplicativos. Enquanto a justiça americana não bate o martelo sobre a legalidade da taxa, o faturamento da empresa com esse tipo de serviço é cada vez maior.
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