Gabriel Diniz Junqueira

Uma visão sobre o setor de fertilizantes no Brasil

É evidente a importância que esses insumos representam na estrutura de custo da atividade de produção agrícola e, assim, o desenvolvimento da sua indústria com novos produtos e tecnologias passa diretamente pelo crescimento do agronegócio como um todo

O PIB do Agronegócio em 2021 representou quase um terço do nacional e esse resultado, muitas vezes, é associado exclusivamente com a atividade de produção agrícola e pecuária. No entanto, quando se fala de Agroindústria, existem diversos outros setores que contribuem também para a composição desse resultado e que, essencialmente, se fazem presentes em nossa realidade. Um destes é o setor de fertilizantes e defensivos agrícolas.

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Segundo o Agrianual de 2022 da IHS Markit, o custo de fertilizantes/corretivos e defensivos agrícolas na produção da soja em 2021/22 para a região de Barreiras (BA) foi de R$ 2.591,93 por hectare. Considerando uma saca de soja em R$ 150,00, esse valor representaria uma produção de 17,27 sacas de soja por hectare, o que equivale a 51,01% do custo total para o manejo dessa cultura. Já para o milho 1ª safra, na mesma região, a representatividade é ainda maior: 59,68%. Desta forma fica evidente a importância que esses insumos representam na estrutura de custo da atividade de produção agrícola e, assim, o desenvolvimento da sua indústria com novos produtos e tecnologias passa diretamente pelo crescimento do agronegócio como um todo.

Para analisar com objetividade esse fato é interessante levantar alguns dados sobre como a indústria se comportou recentemente e quais são suas perspectivas. O início do ano de 2022 mostrou bastante volatilidade e incerteza com a guerra na Ucrânia e embargos comerciais contra países como Rússia e Belarus que representam grandes exportadores de fertilizantes químicos para o mundo. Neste cenário, chegou-se a notar uma explosão nos custos de insumos tradicionais como fosfatados (MAP), potássio (KCl) e nitrogenados (Ureia). No entanto, o alto preço das commodities e instabilidades climáticas, em partes do Brasil, levaram os produtores rurais a buscarem novas alternativas.

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Os grandes vencedores desse cenário foram os fertilizantes especiais (minerais especiais, organominerais e orgânicos). Segundo alguns dados retirados da versão de 2022 do Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal da Abisolo, o crescimento em receita foi intenso. Destacam-se também o crescimento em investimentos de P&D e a aproximação direta das vendas ao produtor rural.

No primeiro gráfico é possível notar que a receita do setor de fertilizantes especiais cresceu aproximadamente 65% da safra 2020/2021, assim como os investimentos em P&D cresceram mais de 100% nos últimos dois anos. A instabilidade, decorrente da oferta de fertilizantes mais tradicionais, auxiliou esse movimento que contou também com uma guinada do setor produtivo para soluções mais sustentáveis, uma vez que fertilizantes de base orgânica ajudam na recuperação dos solos, protegendo-os e melhorando suas características físicas, químicas e biológicas.

Vale destacar, nos dois últimos gráficos, o aumento do investimento em P&D e aumento das vendas diretas ao produtor como passos importantes para o fortalecimento do setor como um todo. Dado o fato que isso simboliza grande empenho em desenvolver novos produtos e valorizar a sua participação na cadeia produtiva.

O potencial de crescimento do setor considerando as projeções de aumento de área plantada nos próximos anos pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) é enorme. O Brasil deve buscar expandir suas fronteiras agrícolas e ainda precisará recuperar milhões de hectares de pastagens degradas que podem impulsionar ainda mais a produtividade e, neste cenário, os fertilizantes serão ponto chave para a expansão sustentável.

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Nota

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Gabriel Diniz Junqueira
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