O Ciclo Agrícola e o Ponto de Inflexão
Os últimos 2 anos foram, sem dúvida alguma, estelares para o setor do agronegócio. As empresas demonstraram extrema resiliência durante a pandemia. Enquanto todos diminuíam o ritmo, o agro não só continuou a produzir como expandiu margens e apresentou os melhores resultados até então.
Analisando o fenômeno que se passou com mais calma é possível descrevê-lo como a junção de um cenário macro extremamente favorável (alta significativa nas principais commodities produzidas) com um bom micro (aumento de produtividade e clima estável em quase todas as regiões produtoras). Outro fator que se deve considerar é que o custo de produção não teve os mesmos fôlego e ímpeto de aumento dos preços das commodities, assim possibilitando uma forte geração de caixa no setor.
No entanto, as projeções para frente não serão somente flores. O custo, em especial dos fertilizantes, aumentou significativamente para a safra 22/23 e os fatores que contribuíram para o rally dos grãos já não estão com a mesma força de outrora. Isso fica mais evidente quando se analisa a curva dos preços futuros da soja; seu comportamento apresenta-se invertido, isto é, os preços futuros em patamares menores que os atuais.
Outro ponto a ser analisado é a expectativa de geração de caixa do produtor rural, uma vez que quando ele se encontra capitalizado aumenta os investimentos e o setor se aquece naturalmente. Para isso, a análise da margem EBITDA esperada é muito importante. No gráfico abaixo, nota-se uma clara compressão da margem e uma tendência de retorno aos resultados de antes da pandemia. Isso se explica pelo aperto dos custos e estabilização dos preços das commodities.
Após essa análise, resta responder à pergunta: como o investidor pode se comportar em um cenário desses? A resposta que vem é: cautela. O agronegócio é a principal componente do PIB Brasileiro e um setor extremamente pujante.
No entanto o brilhantismo dos últimos anos deve ser visto com ressalvas, uma vez que historicamente apresenta riscos específicos, volatilidade em seus resultados e ciclicidade nos preços. Existem anos bons e anos ruins e isso faz parte do negócio. Dessa forma, vale a máxima: “Performance passada não é garantia de resultado futuro”.
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