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Gabriel Diniz Junqueira
Gabriel Diniz Junqueira
Governo busca apoio do agronegócio a texto da reforma tributária

Agronegócio. Foto: Pixabay

A cigarra, a formiga e uma reflexão para 2023

A fábula da Cigarra e a Formiga pode ser considerada uma das mais famosas e tradicionais histórias infantis. Nela se retrata uma cigarra que passa boa parte do seu tempo cantando e pouco se interessando em trabalhar, enquanto a formiga, de maneira muito disciplinada, reúne alimentos e se prepara para enfrentar os dias difíceis do inverno que estava por vir. Quando este finalmente chega, a cigarra vai à casa da formiga pedir que lhe desse o que comer e acaba ficando de “mãos abanando”. Muito se pode interpretar sobre o final desta história, mas um ponto para o investidor ficar atento no ano de 2023 é entender como funciona o setor de armazenagem no Brasil e as oportunidades que se pode obter a partir dele.

A produção agrícola brasileira deverá apresentar volumes recordes na safra que está por vir em 2022/2023. O clima favorável, os últimos dois anos de bonança, estabilização nos custos e o aumento no poder de compra do produtor rural são algumas das razões para se acreditar que o Brasil excederá novamente as expectativas em relação aos produtos agropecuários no ano. No entanto, mesmo com perspectivas positivas, o setor ainda apresenta alguns gargalos importantes que travam seu potencial de crescimento, dentre eles, a armazenagem.

Assim como se pode ver na figura da formiga da fábula, a atividade de armazenagem é muito importante na cadeia agropecuária, seja para agregar maior valor ao produto final ou para aguardar o melhor cenário de comercialização. Porém, quando se analisam os números, o que se encontra é um déficit de armazenagem que tende a se intensificar com a expansão das lavouras.

Segundo os números da Conab, no ano de 2022, o déficit esperado é de 92 milhões de toneladas e, para 2031, o valor calculado seria de 288 milhões, isto é, o mais que o triplo do atual. A capacidade instalada nas fazendas é ainda pior, com o Brasil conseguindo armazenar 14% da produção in loco, o Canadá armazena 85%, os Estados Unidos 65% e até nossos vizinhos argentinos conseguem números na casa dos 40%!

Outro ponto relevante é a origem dos recursos para a construção. O PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns) faz parte do Plano Safra, principal programa governamental de apoio à agricultura. Segundo a Kepler Weber (KEPL3), em 2021, 74% do montante financiado pelos clientes teve origem no PCA. Porém, mesmo com bons números, a maior parte da demanda para construção de silos e armazéns permanece reprimida uma vez que a captação privada apresenta condições muito piores que a pública.

Nas previsões do Ministério da Agricultura, as exportações de grãos no Brasil devem expandir em média 3% a.a. até 2031 e isso levará a uma necessidade cada vez maior no melhoramento da infraestrutura e logística local. As oportunidades neste setor são várias e a pergunta que nos resta é: seremos mais parecidos com a formiga ou com a cigarra? Vamos nos preparar para armazenar a produção ou não?

Fonte: Agrishow Digital.

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Nota

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