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Francisco Amarante
MXRF11 tem "pior dia" na Bolsa em quase 6 meses, IRDM11 sobe e IFIX tem segunda queda seguida

MXRF11 tem "pior dia" na Bolsa em quase 6 meses, IRDM11 sobe e IFIX tem segunda queda seguida. Foto: Pixabay

O que os assessores de investimentos podem esperar para 2023?

Se tem algo que o assessor de investimentos não pode reclamar é de monotonia e de falta de emoção no dia a dia.

Não bastassem as volatilidades dos mercados, reflexo das incertezas sobre possíveis cenários globais recessivos, do impacto da guerra Rússia/Ucrânia e das medidas econômicas do atual governo, eleito em outubro passado, o campo regulatório promete ser agitado já nos primeiros meses de 2023.

Após um ano de grandes conquistas e bastante movimentação no setor como a redução da taxa de fiscalização da CVM, alteração do nome da atividade para assessoria de investimentos, alguns escritórios trocando de plataformas, consolidações e expansões muito ativas, quem imaginava que o ano de 2023 pudesse dar uma trégua se enganou!

Cada vez mais o papel da assessoria de investimentos junto aos investidores demandará resiliência e precaução nas suas recomendações, pois o que está se desenhando é um ano bem agitado.

Mal acabou o ano e dois eventos tomaram a atenção do mercado: a emenda constitucional 126, que altera o teto de gastos e que deverá trazer impactos fiscais, e a publicação da Resolução CVM 175, que dispõe sobre a constituição, o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de investimentos, bem como sobre a prestação de serviços para os fundos.

Em audiência pública desde 2020, a nova resolução traz modernidade e inovação, após ter recebido o maior número de contribuições do mercado, demonstrando a sua importância.

Atualmente, a indústria de fundos de investimentos possui quase R$ 6 trilhões sob gestão em mais de 28 mil fundos, não podendo passar despercebida pelos assessores que alocam grande parte dos recursos dos investidores nesse instrumento.

Tendo sido essa a última atividade da CVM (Comissão de valores Mobiliários), órgão regulador do mercado, no ano passado, todas as atenções estão voltadas, para a promessa de que a primeira resolução a ser editada em 2023 será a que trata dos assessores de investimentos.

Mas, pelo jeito, tudo indica que não será apenas no campo regulatório que o mercado será agitado, pois logo nas primeiras semanas de 2023, os campos político e econômico já vêm dando alguns sinais de que será um ano atípico e longe do trivial.

As manifestações em Brasília indicaram que o atual governo não terá vida fácil pela frente, mesmo com a aprovação da PEC de Transição, e na sequência o anúncio do pacote de medidas econômicas, chamado de “Medidas de Recuperação Fiscal”, tem sido recebido com um certo ceticismo pelo mercado, uma vez que tem um viés arrecadatório ao invés de promover a contenção de gastos.

As preocupações aumentaram com as medidas que envolvem o CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e a volta do voto de qualidade, pendente de aprovação no Congresso, mas que eleva a insegurança jurídica, podendo comprometer novos investimentos, impactando na atividade econômica.

E a pitada de emoção que faltava, foi dada pelas Americanas (AMER3) deixando todos estarrecidos e os acionistas minoritários vulneráveis.

Todos esses acontecimentos acabam por trazer mais incertezas ao cenário e exigem dos assessores de investimentos uma maior proximidade com os seus clientes, não somente para acalmá-los, como também para auxiliá-los nas movimentações de suas carteiras, que devem ser aderentes ao seu perfil de risco.

As projeções do mercado indicam uma manutenção da taxa Selic em patamares elevados pelo menos até o terceiro trimestre do ano, o que poderá contribuir para a redução das margens operacionais dos escritórios

De acordo com a ANCORD (Associação Nacional das Corretoras de Valores), a categoria que mais cresce no mercado financeiro nos últimos anos é a dos assessores de investimentos, que encerrou 2022 com 22.037 assessores credenciados, 17.242 assessores vinculados a Instituições e 1.254 escritórios credenciados, e que vive a expectativa, desde 2019, da edição da nova resolução CVM 16.

Essa nova orientação é centrada na possibilidade de atrair sócios capitalistas para os escritórios, por meio da mudança da forma jurídica para a sociedade empresária. Muitos são elegíveis a esse modelo por terem porte para implantarem uma estrutura mínima de governança.

Nos resta agora aguardar a sua edição e torcer para que os ânimos se acalmem.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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