Felipe Souto

Quais investimentos alternativos investir após a eleição?

Anos eleitorais tendem a causar mais volatilidade no mercado financeiro e, nesse cenário, os investimentos alternativos têm ganhado bastante adeptos por fugir dos modelos tradicionais como renda fixa e ações

Após uma das disputas eleitorais mais polarizadas do país, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou a melhor, vencendo com 50,85% dos votos válidos, contra 49,15% do adversário, Jair Messias Bolsonaro (PL), muitos questionamentos surgiram em relação à condução de seu governo e impacto na economia e nos investimentos, por exemplo. Para se ter uma ideia, uma semana pós-eleição de Lula, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), subiu 3,16%.

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De fato, os anos eleitorais tendem a causar mais volatilidade no mercado financeiro e, nesse cenário, os investimentos alternativos têm ganhado bastante adeptos por fugir dos modelos tradicionais como renda fixa e ações. Na maioria das vezes, essa modalidade está ligada a setores da economia real como motéis, agronegócio, energia, precatórios, imóveis e outros, oferecendo muita rentabilidade por não ter interferência se as ações da bolsa estão em ascensão ou queda.

Abaixo listei alguns nichos de mercado que tem atraído diversos investimentos:

1- Carbono Zero: de acordo com a iniciativa Glasgow Financial Alliance for Net Zero, a corrida para zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 vai demandar aproximadamente US$ 125 trilhões em investimentos. Por isso, investidores têm que estar atentos para não perder as oportunidades que esse segmento irá proporcionar nos próximos anos;

2- Energia renovável: segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a geração de energia solar nos últimos 12 meses triplicou aqui no Brasil.

Estima-se que nos próximos 10 anos haverá uma queda de 30% nos preços da energia solar produzida em usinas fotovoltaicas e até o ano de 2050, mais 30% de redução.

Estima-se que, em 2024, o território brasileiro contará com, aproximadamente, 887 mil sistemas de energia solar conectados à rede instalados, estabelecendo uma maior economia em relação às distribuidoras convencionais, além da manutenção e preservação ambiental do País.

Diante desse crescimento, é notório que cada vez mais tem aumentado a procura por investimentos alternativos rentáveis no Brasil. E o segmento de energia renovável é um deles por oferecer produtos com grande potencial de retorno e com juros baixos. Um levantamento divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aponta que a busca pelas captações por meio de crowdfunding tiveram um aumento de 43% no ano de 2020, chegando a R$ 84,4 milhões, 10 vezes mais em relação a 2016 (R$ 8,3 milhões), ano anterior à regulamentação específica pela autarquia do mercado de capitais.

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3- Agronegócio: a realidade é que o setor não cabe mais no atual mercado de crédito brasileiro. Atualmente, os produtores rurais dependem basicamente de linhas de crédito fornecidas pelo governo e pelo sistema bancário tradicional. E para minimizar esse impacto e corroborar com as iniciativas de sustentabilidade do agronegócio no país, a procura por recursos por meio de Fiagro, CRA, CPR e crowdfunding (financiamento coletivo) tem crescido, por oferecer soluções inovadoras de crédito para que empresários possam captar recursos para impulsionar as suas empresas.

4- Ativos Judiciais: a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) aponta que 78% é o número de endividados no país, sendo 29% das famílias com alguma dívida ou conta em atraso no mês de julho, índice considerado o maior desde 2010. O que muitos não sabem é que existe a possibilidade de vender ativos judiciais como precatórios e antecipação de recebíveis à empresas, como forma de quitar as pendências monetárias.

5- Crédito imobiliário: Nos últimos meses, a Selic subiu de 2% para 13,75% ao ano, uma alta de 600%. Esse aumento fez com que o crédito imobiliário se tornasse uma estratégia atrativa de investimento, já que as taxas desse tipo de operação tiveram um reajuste muito mais modesto no mesmo período, uma média de 7% para 9,5% ao ano.

Para se ter uma ideia, aqueles que recorrem ao financiamento imobiliário terão retorno acima de 13% ao ano, enquanto pagam menos de 10% ao ano em juros do financiamento de imóveis. Ou seja, ao invés de comprar imóveis à vista, eles optam por deixar o dinheiro em aplicações e utilizam os juros baixos do crédito imobiliário para adquirir os bens a prazo.

6- Casa de análise: esse nicho de mercado tem crescido muito nos últimos anos devido à alta procura por diferentes tipos de investimentos. De acordo com uma pesquisa realizada pela CVM e divulgada em 2021, 80% dos investidores do gênero masculino e 75% do gênero feminino têm interesse em investir em novos produtos financeiros para diversificar sua carteira. E é nesse contexto que as casas de análises atuam enviando relatórios específicos sobre esses novos ativos.

Outro cenário que tem contribuído pelo interesse em investir nas casas de research é a entrada de 3,2 milhões de CPFs na bolsa até junho deste ano, segundo dados da B3, o que significa um potencial de crescimento nas casas de análise, isso sem falar dos novos entrantes não-residentes que, um dia após as eleições presidenciais, aportaram cerca de 1,9 bilhão em ações na B3.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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