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Alexandre Conceição
Alexandre Conceição

A revolução do Pix decolou. As próximas etapas passam pelo Banking as a Service

Prestes a completar dois anos de operação no país, o Pix definitivamente conquistou o seu espaço no mercado de meios de pagamentos. Ágil, disponível 24 horas por dia e gratuito para pessoas físicas, a tecnologia vem batendo recordes sucessivos desde a sua implantação. No final de agosto, segundo o Banco Central, já eram mais 131 milhões de usuários cadastrados. Em março, o volume de transações via transferências já havia superado o dos tradicionais cartões de crédito e débito.

Ainda segundo o regulador, o volume total de transações realizadas via Pix P2B, ou seja, de pessoa física para empresas, em agosto passou a casa dos 22% dentre todas as demais transações. Representando um total de 408 milhões de transações de pagamentos neste mesmo mês, a projeção continua sendo de crescimento mensal a uma taxa de 9 a 10%.

O entusiasmo com o instrumento estimula o BC a seguir ampliando sua agenda de aprimoramentos para trazer novas soluções e funcionalidades. Entre elas, é possível destacar o Pix Garantido, que permite o recebimento segurado de valores em casos de agendamentos de transferências para datas futuras; a padronização do Pix Cobrança para gestão de recebimentos em lote, a Plataforma Centralizada de arrecadação que terá suporte a Contratos Inteligentes e até Duplicata no Pix.

Além disso, devemos ver a ampliação da rede credenciada para o Pix Saque e Troco, pelo qual é possível fazer um pagamento e acrescentar o valor que deseja receber em dinheiro como troco, facilitando o acesso da população à moeda circulante; e, ainda, o Pix Internacional, que permitirá fazer transações em moedas estrangeiras para outros países com a mesma facilidade que ocorre dentro do Brasil.

Com isso, é possível afirmar que o Pix democratizou, em boa medida, o acesso à economia formal. Há margem, contudo, para evolução. As instituições financeiras têm muito espaço para oferecer jornadas ainda mais simples em seus aplicativos. Outros avanços devem surgir no campo da experiência do consumidor e na oferta de novos produtos.

Pix e o Banking as a Service

Hoje, as transferências via Pix são mais utilizadas por meio dos apps dos bancos ou das carteiras digitais e caíram no gosto popular. O Pix via BaaS, no entanto, vai além.

Uma transferência via Pix não seria uma forma de pagamento propriamente dita para uso em uma relação de consumo. Para um alto volume de pagamentos e uma capacidade mais ampla de controle, conciliação e confirmação instantânea do recebimento surge novas modalidades e produtos. E é isso que o conceito de emdedded finance possibilita.

Além da identificação de cada pagamento, o Pix via BaaS permite o acesso aos recursos pela empresa na sua conta de domicílio bancário de escolha no mesmo dia, em que o consumidor faz o pagamento do pedido ou produto, sendo notificado, real time, do recebimento, sem precisar consultar o crédito em sua conta. Esta inovação acelera o fluxo de caixa das empresas com a disponibilidade dos recursos em conta, facilitando sua gestão financeira. Essa inovação é denominada API Pix Cobrança, solução possível graças a integração do Pix via BaaS e vislumbra um novo passo em termos de experiência de todas as frentes da cadeia: B2B e B2C.

As vantagens se estendem ao mercado financeiro como um todo, que recebe um fluxo líquido do dinheiro circulante. Muito do que ainda seria pago hoje com o papel moeda passa a ser transacionado via Pix, pois ele se assemelha ao “dinheiro vivo” como valor monetário instantâneo, tanto no envio, quanto no recebimento. Isso aumenta a segurança para quem transaciona, reduz o custo de manipulação do papel moeda e se reverte em simplificação na movimentação do dinheiro. Para as instituições financeiras, o Pix se apresenta como uma excelente oportunidade de se posicionarem como um provedor do fluxo financeiro decorrente de transações instantâneas de pagamento, recebimento, transferências ou agendamentos.

O Banking as a Service se ocupa, portanto, de fazer um papel de “transporte” do dinheiro pelos clientes. Isso significa que os meios de pagamento mais tradicionais estão com os dias contados? Certamente não. As demais formas de transação continuarão a ter, em maior ou menor dimensão, espaço próprio em função da maturidade que já atingiram e do crescimento natural do mercado. E isso permite que as novas soluções sigam conquistando sua participação.

Hoje, os bancos e demais players devem, mais do que nunca, adotar um papel de aceleradores e impulsionadores de todo esse ecossistema financeiro digital, com propostas inovadoras, disruptivas e que tragam facilidade aos cidadãos, sejam eles clientes ou não. O conceito de embedded finance é justamente o que permite aos bancos estarem presentes em qualquer plataforma disponível, demonstrando que é possível oferecer experiências integradas fora dos canais tradicionais. Atender bem, sem olhar a quem. A centralidade do consumidor nunca foi tão verdadeira.

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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