O que aconteceu com a bolsa?
Sempre que acontece alguma grande movimentação na bolsa de valores as pessoas buscam entender qual foi a causa, para talvez no futuro, caso volte a se repetir, aproveitar esse movimento para obter lucro.
Em alguns momentos, é fácil entender qual foi o motivo da variação, por exemplo um período eleitoral, quando os candidatos apresentam as suas pautas cada vez mais heterodoxas, ou durante após uma empresa divulgar um resultado operacional diferente do consenso. Entretanto, algumas grandes variações nos preços dos mercados de risco podem não ter uma causa aparente.
Jeremy Siegel, professor de finanças na Universidade da Pensilvânia, em seu livro, Investindo em ações no longo prazo, elencou todas as vezes em que o índice de ações americanas, o Dow Jones, variou mais do que 5% em um único dia. No recorte de 1888 até 2012, o índice mudou 5% ou mais em 145 ocasiões, das quais apenas 35 ocorreram juntamente com um acontecimento político ou econômico mundial que fosse relevante.
A maior queda diária da história do Dow Jones ocorreu no dia 19 de outubro de 1987, quando o fundo teve uma queda de 22,6%, e não havia nenhum evento ou acontecimento marcante a que podia ser vinculada.
Portanto, nem sempre é possível encontrar uma justificativa para determinada variação na bolsa de valores. Muitas vezes, os eventos nos quais o consenso espera uma volatilidade maior dos mercados de risco acabam não acontecendo, e outras vezes, em momentos de relativa tranquilidade nos noticiários, podemos observar grandes variações.
Em algumas ocasiões a razão dada por veículos de comunicação para justificar um acontecimento no mercado de ações é completamente divergente. Ainda em seu livro, Siegel menciona que no dia 15 de novembro de 1991 o Dow Jones caiu cerca de 4%. O jornal Investor’s Bussiness Daily explicou a queda por meio de uma ação do congresso americano, enquanto o jornal Financial Times da Inglaterra afirmou que a queda se deu por causa da suspensão das licenças de petróleo do governo russo, razão que nem mesmo foi citada pelo primeiro jornal.
O que de fato movimenta os mercados são os atos de euforia ou pânico da maioria dos investidores, e saber o fundamento exato para essas decisões pode ser difícil de ser apontado.
Uma outra análise que pode ser feita é o comportamento do mercado nos governos de direita e de esquerda. De maneira geral, as medidas políticas apoiadas pelos presidentes do partido republicano nos Estados Unidos são vistas como mais favoráveis ao mercado e à livre iniciativa. Enquanto os presidentes do partido democrata em tese tendem a assumir medidas mais voltadas para a redistribuição de renda.
No entanto, como pode ser visto no gráfico acima, o índice das 500 maiores empresas dos Estados Unidos se saiu melhor nos governos de presidentes democratas.
Isso também não quer dizer que esse resultado positivo aconteceu devido às ações desses políticos. Inúmeros fatores influenciam no resultado do mercado de ações como um todo, o cenário econômico, a expectativa dos investidores com algum evento, consequências não esperadas de medidas políticas etc.
Com isso em mente, podemos concluir que estabelecer a estratégia de investimentos em prever como o mercado vai se comportar no curto prazo é uma tarefa bastante incerta. Mesmo com as melhores informações não é garantido que você tomará a decisão correta visando o lucro no curto prazo.
Por isso, o investimento em valor e visando o longo prazo tende a ser mais efetivo na geração de riqueza de forma geral. Pautando as decisões de investimento nos fundamentos dos ativos, o investidor consegue focar nos fatores que realmente influenciam no valor intrínseco do ativo e a sua rentabilidade no longo prazo.
Fonte: SIEGEL, Jeremy J. Investindo em ações no longo prazo: o guia indispensável do investidor do mercado financeiro. – 5. ed – Porto Alegre: 2015.
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