Como iniciar uma agenda ESG
As novas gerações já demonstram mentalidades avançadas no que diz respeito aos impactos gerados pelo mundo corporativo ao planeta – o que vem obrigando organizações de todos os perfis a considerarem uma agenda ESG. O assunto não é novo e vem sendo amplamente debatido por especialistas de muitas áreas. Apesar disso, iniciar projetos com este olhar não é tão simples: é preciso mais do que força de vontade.
Grande parte das empresas esbarram em dois grandes gargalos: o número reduzido de profissionais efetivamente qualificados para esses projetos e o custo alto de se ofertar produtos e serviços alinhados com o ESG.
Entretanto, desistir não é uma opção. Uma pesquisa realizada pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) mostra que 87% das companhias listadas na B3 afirmam ter aumentado o envolvimento e conhecimento da área de relações com investidores dos temas ESG nos últimos 12 meses. Já do lado da população, 94% dos brasileiros esperam uma iniciativa das empresas para fazer algo sobre o assunto, segundo outro estudo da consultoria Walk The Talk by La Maison.
Para assumir uma agenda ESG, o primeiro passo é a empresa entender quais das suas ações geram impactos ambientais, sociais e econômicos. Com o cenário mapeado, é preciso fazer outra autorreflexão: quais são os temas que ela é capaz de realizar a ponto de gerar resultados sustentáveis. Com uma visão de presente e futuro definidas e objetivas, a empresa poderá criar planos de ação para realizar a sua jornada da melhor forma e, com isso, gerará resultados financeiros, no próprio ambiente e diretamente no seu time.
O foco para o sucesso do ESG nas empresas tem que ser de gerar valor real em longo prazo e não ser algo apenas teórico.
De forma geral, as empresas que aderem ao ESG ganham competitividade e atraem investidores, além de fortalecerem suas marcas com os colaboradores e mercado. A mesma consultoria do estudo mencionado no parágrafo anterior divulgou uma pesquisa realizada com 4.421 homens e mulheres, de 16 a 64 anos, das cinco regiões do Brasil, pertencentes às classes A, B e C, e pediu sua percepção sobre o posicionamento e as ações de 50 empresas que são representativas em suas categorias.
Como resultado, a Natura (NTCO3) foi a empresa mais associada ao ESG, obtendo 536 pontos, num índice que chega a 1 mil. A Unilever aparece em seguida, com 389, e a Ypê em terceiro lugar, com 386; Boticário teve 376, Petrobras (PETR4) 372, Nestlé 354, Banco do Brasil (BBAS3) 335, P&G 332 e Coca Cola (COCA34) 315. Para os analistas do estudo, os clientes criam expectativas sobre as empresas, que mudam conforme o passar dos anos.
A pesquisa revela ainda que 94% dos brasileiros esperam que as empresas façam algo sobre ESG; porém, quando questionados, apenas 17% acreditam que as corporações o fazem de maneira efetiva. Ou seja, há uma lacuna entre a expectativa do consumidor e a realidade, o que nos indica o quanto é importante contar com uma agenda ESG bem estruturada, que dê suporte para a empresa planejar seu crescimento, visando a estabilidade. Isso é o que faz brilhar os olhos dos investidores.
O mercado está cada vez mais exigente e ativo em relação ao tema, e as empresas que cumprem com esse quesito, atraem mais clientes por consequência. Atualmente, a imagem da empresa perante o mercado é fator decisivo para sucesso ou fracasso. Daí a importância de executar e não somente fazer marketing.
As empresas que diagnosticarem e implantarem uma agenda sustentável terão como consequência um ambiente mais equilibrado na própria instituição, com seus colaboradores, parceiros de negócios e comunidade que está inserida.
E é certo que o ponto de partida para a inclusão desse tipo de pauta dentro de ambientes corporativos é a reflexão sobre quais causas se aliam aos propósitos de cada empresa. Afinal, para alcançar efetividade, precisamos estar ligados de fato às nossas causas.