Carlos Vaz

Produção manufatureira forte pode favorecer a economia dos EUA e quem aporta investimentos no País

Indústria manufatureira americana tem se tornado cada vez mais produtiva, num movimento que a posiciona como fonte de força e resiliência da economia local

Quem acompanha o cenário econômico geral já deve ter ouvido falar sobre uma narrativa de que os Estados Unidos não são mais uma potência industrial. A constatação tem muitos fundamentos, mas um deles está apoiado na observação dos dados de um relatório do Pew Research Center que descobriu, em 2017, que mais da metade dos americanos, principalmente entre os mais velhos, percebem que a capacidade industrial do País já não é a mesma. É um público que se baseia no histórico para avaliar a relação do poder econômico e processo de desenvolvimento social com o ritmo da indústria e, talvez por isso, concluem que a narrativa é verdadeira.

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No entanto, com base numa outra análise do Bureau of Labor Statistics, posso afirmar que a indústria manufatureira americana tem se tornado cada vez mais produtiva, num movimento que a posiciona como fonte de força e resiliência da economia local, mesmo que ainda constitua uma menor porção do PIB do país. E, dito isso, considerando o movimento atual do setor e relacionando com outros indicadores econômicos, observo que os investidores que alocam capital em solo norte-americano podem contar com um ambiente mais seguro, estruturado sob diretrizes de políticas monetárias robustas, pelo respeito que demonstram ao Estado de Direito, e que opera em dólar, uma das moedas mais fortes do planeta – o que ainda não se pode negar.

Mesmo que seja verdade que os empregos de manufatura menos especializados venham sendo automatizados, e a fabricação de muitos itens de consumo tenha sido transferida internacionalmente, os EUA ainda exportam bens de capital e suprimentos industriais. A manufatura é responsável por 35% do crescimento de produtividade, 55% das patentes, 60% dos produtos de exportação e 70% dos gastos com desenvolvimento e pesquisa, de acordo com o McKinsey & Company, mas ainda assim é responsável por somente 8% da mão de obra americana.

A produção industrial regional tem crescido significativamente desde 2012, de acordo com o Bureau of Economic Analysis, visto que a indústria continua lançando mão da utilização de automação e fabricação de itens de alto valor, incluindo eletrônicos, aparelhos médicos, equipamentos de comunicação e semicondutores. Também vale observar que, desde o final de 2021, o setor tem excedido os níveis de fabricação observados no pré-pandemia. A crise sanitária causada pela Covid-19 ajudou a enxergar a importância disso: o cenário pandêmico criou um desafio único às redes de fornecimento globais, capitalizando ainda mais as necessidades de fabricação americana como um todo, assim como mundialmente, é verdade.

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Se avaliarmos minuciosamente alguns indicadores, podemos notar que a mão de obra industrial americana é competitiva, se comparada a outras economias similarmente avançadas. No entanto, mesmo que a produção tenha acelerado, a indústria produtiva diminuiu sua parcela de contribuição ao PIB dos EUA, de 15,1%, em 2000, para 10,9%, em 2019, e isso porque, com o passar dos anos, o caráter dos trabalhos americanos tem mudado de produção de bens para provisão de serviços.

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E nesse contexto, certamente, é verdade que há menos empregos manufatureiros atualmente, assim como afirma o St. Louis Fed. Basta relembrar que os empregos desse segmento começaram a declinar em meados dos anos 90, pouco antes de apresentar uma queda ainda mais drástica durante a triste famigerada ‘Grande Recessão’. Porém, desde então, o segmento tem reerguido seus números relativos às vagas de empregos e, em março de 2022, estacionou em 12,6 milhões de trabalhadores. Fato a se relevar como positivo, principalmente considerando a atual crise geopolítica europeia e o rescaldo da Covid-19, que insiste em se fazer presente com novas variantes, desafiando as autoridades sanitárias, castigando a saúde e a economia, isso sem fronteiras.

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Diante de um possível equívoco comum de que a manufatura americana está minguando, eu acredito que a indústria local ainda está em um patamar diferenciado e se posiciona como uma fonte poderosa de força para a economia do País. Claro que isso não é tudo o que mercado de investimento precisa para se manter menos instável, mas certamente, contribui muito para oferecer um CEP relativamente seguro para alocar capital, protegendo os rendimentos sobretudo no curto prazo, enquanto se assiste à volatilidade abrandar e espera pelos retornos do longo prazo, respeitando a máxima de sucesso repetida por famosos investidores e funciona quase como um mantra para quem pertence a esse mercado – inclusive para mim: “nunca perca dinheiro”.

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Nota

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Carlos Vaz

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